O relógio não pára
O Relógio do Juízo Final adiantou-se nesta terça-feira um minuto e está agora a apenas cinco da meia-noite. A decisão deve-se à maior dificuldade nas conversações sobre a questão do nuclear e à dificuldade de um acordo para lidar com os efeitos das alterações climáticas.
“São cinco minutos para a meia-noite. Há dois anos, parecia que os líderes mundiais poderiam abordar as verdadeiras ameaças mundiais que enfrentamos. Em muitos casos, a tendência não foi para a frente ou foi revertida. Por essa razão, o Bulletin of the Atomic Scientists moveu o relógio um minuto mais perto da meia-noite, como estava em 2007”, pode-se ler no comunicado do boletim.
Desde 1947 que o Relógio do Juízo Final marca o risco do mundo entrar numa guerra nuclear. Criado pela Bulletin of the Atomic Scientists, tem vindo a ser ajustado ao longo das últimas seis décadas pelos directores da revista, consoante uma catástrofe nuclear estar mais ou menos próxima. Considera-se que à meia-noite haverá um risco absoluto de uma guerra nuclear.
Apesar das relações entre Estados Unidos e Rússia terem melhorado, a actualização é um reflexo das dificuldades de líderes de vários países em actuarem num Tratado Compreensivo para a Proibição dos Testes nucleares. O comunicado lista essas nações: Estados Unidos, China, Irão, Índia, Paquistão, Egipto e Israel. A Coreia do Norte continua a ser outra preocupação, por não aceitar um tratado para parar a produção de armas nucleares.
Estas questões “continuam a deixar o mundo em risco devido ao contínuo desenvolvimento de armas nucleares”. O comunicado alerta que ainda existem cerca de 19.500 armas nucleares activas, o suficiente para destruir a Terra várias vezes.
As alterações climáticas são outro problema. Desde 2007 que entram na equação do relógio. “Os efeitos podem ser menos dramáticos a curto prazo do que a destruição forjada pelas explosões nucleares, mas nas próximas três a quatro décadas, as alterações climáticas podem causar um mal irremediável nos habitats de que as sociedades humanas dependem para a sobrevivência”, lia-se no boletim de 2007.
Esta questão não melhorou. “A comunidade global pode estar perto de um ponto de não retorno, para os esforços de prevenção das catástrofe causadas pelas alterações na atmosfera terrestre”, disse Allison Macfarlane, uma das cientistas que é membro do Conselho de Segurança do Bulletin of the Atomic Scientists.
O desastre nuclear japonês da estação de Fukushima também ajudou a este acerto. “Uma questão principal tem que ser abordada: ‘Como é que um sistema complexo como é uma central nuclear pode-se tornar menos susceptível a acidentes e a avaliações erradas”, disseram os cientistas, em comunicado.
Ao longo dos 65 anos de vida, o relógio já esteve a dois minutos da meia-noite, entre 1953 e 1960, quando tanto os Estados Unidos como a URSS testaram bombas termonucleares. Em 1991, quando os EUA e a Rússia assinaram um tratado contra a proliferação de armas nucleares, o relógio respirou fundo e passou para os 17 minutos. Desde aí, tem vindo a aproximar-se do Juízo Final.
fonte: Público
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