quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Um telemóvel de enrolar e guardar no bolso


A extracção de grafeno da ponta de um lápis valeu, em 2010, o Prémio Nobel da Física a dois investigadores russos. O desenvolvimento deste material não parou e pode, por exemplo, ser aplicado num ecrã de telemóvel que dá para enrolar e meter no bolso.

"O grafeno será como o plástico. Estará em toda a parte, porque a amplitude dos seus usos é enorme, vai muito mais além do âmbito electrónico", aponta Francisco Guinea, Prémio Nacional de Investigação espanhol, pelos trabalhos que fez sobre este material.

O inovador grafeno é uma nova forma de carbono puro que consiste numa rede de héxagonos cujos vértices são ocupados por átomos de carbono. Ou seja, um grafeno é uma folha de espessura atómica, de um único átomo de carbono.

Acredita-se que será a panaceia do século XXI porque é 200 vezes mais resistente do que o aço, é duro mas flexível (pode enrolar-se) e tem uma alta condutividade.

Entre as grandes interessadas nas possibilidades do grafeno estão as companhias tecnológicas.

Segundo o jornal espanhol "El Mundo", um dos grandes fabricantes de telefones já tem preparado o protótipo de um telemóvel que será apresentado, provavelmente, no próximo ano. Será o primeiro dispositivo que se pode enrolar e guardar no bolso.

Outro sector que se tem interessado é o da energia, especialmente para aplicações em células fotovoltaicas ou em baterias - o grafeno pode gerar energia quando recebe luz.

Também se levanta a hipótese de aplicações para sensores: desde óculos para ver à noite com detecção de radiações de infravermelho na escuridão, até tecidos para roupa, que podem incorporar dispositivos que avaliam os sinais vitais.

O sector da biotecnologia também já avaliou as potencialidades do material. Quando se juntam ao carbono (um dos elementos básicos do corpo humano) produtos químicos, o grafeno pode ser usado para aplicações farmacêuticas: poderá servir de veículo de transporte de medicamentos ao sangue de forma constante.

"Agora o grafeno é mais barato, mas quando se começou a investigar, um grama de grafeno custava mais que o PIB de toda a União Europeia, por isso só se trabalhava com milésimas de milímetros", recorda Guinea.

Em poucos anos esta situação alterou-se. Os diversos métodos de produção existentes e o aumento da procura fez baixar os preços. Ficam assim muitas possibilidades para explorar.

Cerca de vinte grandes empresas multinacionais reuniram-se, na semana passada, na sede do Conselho Superior de Investigações Científicas, em Madrid, Espanha, para dar a conhecer as muitas possibilidades do grafeno e traçar um rumo que o leve a arrecadar os mil milhões de euros que a Comissão Europeia destina à investigação nos próximos 10 anos.

fonte: JN

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