terça-feira, 18 de outubro de 2011

'Mais rápidos que a luz'? Afinal Einstein tinha razão


O caso dos neutrinos (partículas subatómicas) que uma equipa de investigadores europeus detectou a viajar mais rápido do que a luz, uma experiência que há cerca de um mês deixou a comunidade científica perplexa por ser algo 'proibido' pela teoria da Relatividade, terá sido agora explicado... pela aplicação das mesmas equações de Einstein.

Ronald van Elburg, um cientista da universidade holandesa de Groningen, publicou na semana passada um estudo onde defende que tudo se resumiu a um lapso: os cientistas da experiência original não tiveram em conta a discrepância de 'perspectiva' entre os relógios no solo e os que se encontram nos satélites da rede GPS, em órbita a 20 mil quilómetros da terra, utilizados para sincronizar todos os mecanismos envolvidos.

Uma discrepância que é prevista pela própria Teoria da Relatividade de Einstein.

Ainda que a velocidade da luz seja constante para todos os observadores, há que ter em conta o que 'vêem' os 'observadores' em movimento, lembra o cientista.

Na experiência com os neutrinos, estavam em causa dois contextos de referência: os relógios em terra, situados no emissor e no receptor dos neutrinos; e os aparelhos a bordo dos satélites de GPS.

Ora estes, lembra Van Elburg, estão em movimento relativamente ao solo. Mas, na perspectiva dos satélites, é o receptor de neutrinos da experiência que se desloca. E este facto tem de ser considerado nos cálculos.

"Na perspectiva do relógio [no satélite], o detector está a mover-se na direcção do emissor e, consequentemente, a distância percorrida pelas partículas, como observadas por este relógio, é mais curta", diz Van Elburg ao site especializado Technology Review.

Este cientista calcula que, tendo em conta este movimento, os neutrinos deveriam ser medidos a chegar ao destino 64 nanosegundos mais rápido do que a luz. Ora os cientistas do projecto OPERA mediram uma diferença de 60 nanosegundos - valores suficientemente próximos para fazer crer que o físico holandês acertou mesmo com a solução para o mistério.

Ronald van Elburg publicou o seu estudo no site da Universidade de Cornell e o seu artigo está actualmente no período de 'peer review', ou seja, para ser criticado, confirmado ou desmentido por outros cientistas.

Caso se demonstre que tem razão, a experiência que fez tremer a teoria de Einstein, afinal, só veio confirmá-la.

fonte: DN

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