sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dirigível português para ajuda humanitária levanta voo


Cassiano Rodrigues dedicou quatro anos ao dirigível de última geração

Cassiano Rodrigues dedicou quatro anos ao dirigível de última geração

O protótipo de um novo dirigível de fabrico português, concebido para missões de socorro em cenários de catástrofes naturais e ajuda humanitária, voou ontem em público pela primeira vez no Edifício da Alfândega do Porto.

Com a capacidade de descolar e aterrar verticalmente, o Gaya, como foi batizado pela empresa Nortávia, é particularmente adequado para missões em locais remotos e países em vias de desenvolvimento.

A segurança e a ecologia são as principais mais-valias deste "sexto meio de transporte", segundo o comandante Cassiano Rodrigues, presidente da Nortávia e mentor do projeto Nature Friendly Airship Program (NFAP), orçado em 4 milhões de euros.

A utilização do hélio, um gás inerte e não pressurizado e por isso não inflamável nem explosivo, em vários compartimentos independentes, permite ao dirigível uma segurança inédita, visto que suporta uma fuga sem comprometer os restantes depósitos do gás natural.

O Gaya possui ainda uma autonomia de voo que pode chegar a "semanas a fio", de acordo com o presidente da Nortávia, visto que concilia ainda a energia solar com o biocombustível e é propulsionado por motores elétricos de baixo consumo.

"Este tipo de transporte é único porque tem a capacidade de cobrir zonas do planeta inacessíveis de outro modo", explicou à Lusa Cassiano Rodrigues, "seja pela geografia do local, como por exemplo ilhas, seja pela falta de infraestruturas como aeroportos ou caminhos de ferro".

Como tal, as aplicações do Gaya podem ir da ajuda humanitária em lugares remotos à exploração mineral em zonas inóspitas "como o norte do Canadá", exemplificou Cassiano Rodrigues.

"Temos como certo que este projeto vai desenvolver-se com muita força a nível mundial nos próximos tempos", augura o presidente da Nortávia, "não só pela sua aplicabilidade em vários terrenos e condições, mas também pela sua independência em termos energéticos".

O novo dirigível deverá poder voar a uma altitude máxima de 1,5 km e a uma velocidade de ponta de 130 km/hora, segundo o engenheiro eletrotécnico Jim Grey, que é consultor científico do NFAP.

"Vai haver três modelos do dirigível", contou à Lusa este engenheiro do Texas, "sendo que o primeiro terá uma capacidade de carga até cerca de 10 toneladas, o segundo modelo poderá carregar até sete toneladas, mas o nosso objetivo é chegar às 25 toneladas de carga".

A Nortávia pretende com este modelo de estrutura aerodinâmica, patenteada a nível mundial, a instalação de uma fábrica no valor de 40 milhões de euros que permita a construção de entre 100 a 150 dirigíveis por ano, num negócio que estima poder chegar aos 1000 milhões de euros de faturação anual.

O projeto NFAP foi desenvolvido em parceria com o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) e a Universidade da Beira Interior, e beneficia dos fundos do QREN.

fonte: DN / Público

Sem comentários:

Enviar um comentário