Universidade de Maastricht, Holanda. Durante os próximos 12 meses deverá ser aqui produzido o primeiro hambúrguer criado em laboratório
MARK POST EXPLICA COMO É POSSÍVEL PRODUZIR CARNE EM LABORATÓRIO
Será, certamente, o hambúrguer mais caro do mundo, mas se tudo correr conforme previsto advinha-se uma revolução na produção de carne, uma das grandes responsáveis pela emissão de gases com efeito de estufa para a atmosfera.
O professor Mark Post, da Universidade de Maastricht, na Holanda, recebeu €300.000 para produzir em laboratório, nos próximos 12 meses, um hambúrguer a partir de células estaminais. Se tudo correr conforme o previsto, poderá vir a caminho uma revolução na indústria agropecuária e alimentar.
"Queremos transferir a produção de carne da agricultura para a indústria", disse Mark Post em entrevista à BBC .
Mas Mark Post não foi o primeiro a sonhar com a produção de carne em laboratório. Em meados do século XX, o holandês Willem van Eelen, à época estudante de Medicina - equacionou a possibilidade de produzir carne através de células estaminais, ou seja, sem ter de matar animais.
As células estaminais têm a capacidade de se autorreproduzirem dando origem a tecidos específicos, como por exemplo músculos.
Números 18%
Percentagem dos gases com efeitos de estufa emitidos para a atmosfera relacionados com a produção animal. Segundo as Nações Unidas, o consumo de carne deverá duplicar até 2050.
Sem que tenha conseguido avanços significativos, Willem van Eelen acabou por registar, em 1999, uma patente com a ideia, despertando, lentamente, a comunidade científica para esta possibilidade.
Filete de peixe-dourado
Em 2002, conta a BBC, a Agência Espacial norte-americana (NASA) financiou um projeto liderado por Morris Benjaminson, do Touro College em Nova Iorque, em que o objetivo era fabricar carne a partir de células dos músculos. O que a NASA pretendia na verdade, era descobrir uma forma de alimentar os astronautas durante longas viagens espaciais, como por exemplo, numa missão a Marte.
Morris Benjaminson conseguiu, a partir de células de um peixe-dourado, produzir um filete que chegou a ser marinado em alho, limão e pimenta e depois frito em azeite. Um painel de especialistas inspecionou o alimento mas não pôde prová-lo, já que a lei norte-americana proíbe o consumo de produtos experimentais.
Quando a NASA percebeu que haveria formas mais baratas de alimentar os astronautas, cortou o financiamento a Morris Benjaminson.
Desde 2005 que Mark Post tem contado com o apoio do Governo holandês para desenvolver as suas pesquisas. Até ao momento já recebeu €2 milhões que investiu numa série de projetos científicos.
Estudou, por exemplo, como é que células estaminais embrionárias se poderiam transformar em células dos músculos e, posteriormente, como é que o músculo poderia crescer. Finalmente, tentou perceber de que forma se poderia criar um bife num laboratório. Mas o financiamento foi, entretanto, suspenso e os projetos pararam quase por completo.
Mas no início deste ano, um mecenas que exigiu o anonimato contactou Mark Post e propôs-lhe pagar a produção de um hambúrguer de carne de porco.
"Será, muito provavelmente, o hambúrguer mais caro do mundo", graceja o cientista, que espera ver a sua obra cozinhada pelo popular chefe de cozinha Jamie Oliver.
fonte: Expresso
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