terça-feira, 11 de outubro de 2011

Torre do “Big Ben” está inclinar-se


A torre do Big Ben está a inclinar-se cada vez mais rapidamente

Um dos principais símbolos da cidade de Londres está mudar de posição de ano para ano. A exemplo do que acontece com a Torre de Pisa em Itália, a famosa torre do Big Ben tem vindo a inclinar-se, a pouco e pouco, desde que foi construída no século XIX. É caso para dizer que nestes tempos conturbados em que vivemos, já nem a verticalidade britânica é o que era

O símbolo é inconfundível e situa-se no próprio coração de Londres junto ao local onde funcionam a Câmara dos Comuns e a Câmara dos Lordes. 

Numa esquina do palácio de Westminster, conhecido como Casas do Parlamento, erguem-se a torre neo-gótica de 96 metros e o seu relógio que são, coloquialmente, designados por Big Ben, em honra do grande sino que se alberga no interior. 

Documentos publicados recentemente pelo parlamento britânico indicam que o pináculo da torre do “Big Ben” se desviou cerca de metro em meio do seu eixo perpendicular desde que a construção foi concluída em 1858. Na origem deste desvio está a cedência dos terrenos sobre os quais se ergue a construção, à semelhança do que sucede com muitos edifícios antigos. 

Desvio intensificou-se desde 2003

No entanto, um estudo recente, obtido pelo jornal Sunday Telegraph ao abrigo da lei de liberdade da informação, mostra que, nos últimos anos a inclinação para noroeste do edifício tem vindo a aumentar.

O relatório, encomendado pelo parlamento e pelo Metropolitano de Londres e agora publicado na internet, indica que durante quase toda a vida do Big Ben a velocidade média de inclinação foi de 0,65 milímetros por ano mas, em 2003, a torre sofreu uma inclinação invulgar de três milímetros e desde então, tem vindo a inclinar-se à razão de 0,9 milímetros por ano. 

As razões não estão ainda completamente explicadas, mas acredita-se que a construção de um parque de estacionamento subterrâneo nos anos 70 e a extensão de uma linha do metropolitano na zona do Big Ben contribuíram para o fenómeno, bem como alterações nas condições do subsolo.

O desvio da verticalidade da torre provocou a formação de fendas nas paredes e nos tetos na Câmara dos Comuns, incluindo a Ala dos Ministros. 

Visível a olho nu

O professor John Burland, que participou da comissão de estabilidade da Torre de Pisa e foi consultor da estabilidade da estrutura do Big Ben, admite que a inclinação já é visível a olho nu.

“Pode ser vista se alguém se colocar na praça do parlamento e olhar para leste, na direção do rio. Tenho ouvido turistas que estão a tirar fotografias a dizerem ‘acho que não é exatamente vertical’ e têm toda a razão”, disse Burland entrevistado pelo Sunday Telegraph.

Para este especialista do Imperial College de Londres, os níveis de desvio atual ainda não constituem perigo. “Se o desvio se começasse a acelerar mais, teríamos de pensar em agir, mas penso que não teremos de fazer nada ainda durante alguns anos”, disse.

Mike McCann, que tem a seu cargo a manutenção do relógio da torre também desvaloriza o assunto, dizendo que essas imperfeições eram comuns em edifícios velhos. 

“Os vitorianos não tinham lasers nem equipamento moderno” disse McCann, cujo título oficial é o de “Cuidador do Grande Relógio”. “Já não estava direito logo de início”, afirma. 

Inclinação é menos de um décimo da da Torre de Pisa

McCann estima que a inclinação seja de um terço de grau em relação à vertical, o que equivale a menos do que um décimo da inclinação da Torre de Pisa. 

Segundo ele, a inclinação do Big Bem é “muito muito pequena” mas admite que um visitante especialmente atento poderá detetá-la. 

“Seria preciso estar parado numa superfície absolutamente plana, com a cabeça completamente direita”, diz, “é muito muito difícil”. 

fonte: RTP

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