segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O buraco na camada de ozono chegou ao Árctico


Nunca se tinha observado tão pouco ozono sobre o Ártico

O chamado “buraco” na camada de ozono, que normalmente se forma sobre a Antárctida, está agora a ser observado também sobre o Árctico. Uma investigação publicada este domingo online pela revistaNature revela que, pela primeira vez desde que há medições do ozono, houve sobre o Pólo Norte uma rarefação da camada de ozono comparável à que há normalmente no Pólo Sul.

A camada de ozono protege a Terra da radiação ultra-violeta. Mas determinados gases – especialmente compostos sintetizados industrialmente contendo cloro e bromo – destroem as moléculas de ozono na alta atmosfera. Este fenómeno é mais acentuado na Primavera polar na Antárctida, entre Setembro e Novembro.

Dados analisados por uma equipa liderada por cientistas do Laboratório de Propulsão a Jacto, do Insituto de Tecnologia da Califórnia, revelam que, no princípio deste ano, a redução na concentração de ozono estratosférico sobre o Árctico – a 18-20 quilómetros de altitude – superou os 80 por cento.

“Os nossos resultados mostram que buracos no ozono Árctico são possíveis mesmo com temperaturas mais amenas do que na Antárctida”, diz o resumo do estudo, referindo-se ao facto de as temperaturas polares no Sul serem normalmente mais baixas do que no Norte.

O estudo associa as baixas concentrações de ozono a longos períodos de frio no Árctico. “Os invernos na estratosfera do Árctico são muito variáveis, alguns são quentes, outros são frios. Mas nas últimas décadas, os invernos frios têm-se tornado cada vez mais frios”, disse Michelle Santee, uma das autoras principais do estudo, citada pela BBC.

A causa principal do buraco na camada de ozono tem vindo a ser combatida desde o final da década de 1980, com tratados internacionais que baniram o uso de determinados compostos clorados, utilizados, por exemplo, em frigoríficos e extintores de incêndio. Mas apesar da sua fabricação e uso terem caído a níveis irrisórios, as suas concentrações históricas na estratosfera ainda não baixaram o suficiente. 

Na Antárctida, estima-se que a camada de ozono regressará aos seus níveis pré-industriais apenas por volta de 2050.

fonte: Público

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