segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Micróbios ameaçam pinturas pré-históricas de Altamira, na Espanha


Fotografia mostra réplica de pinturas rupestres da caverna espanhola de Altamira

A única maneira de salvar a arte pré-histórica da caverna de Altamira é trancá-la a sete chaves, afirma uma equipa de investigdores da Espanha, onde estão as pinturas.

Os cientistas acabam de lançar esse apelo nas páginas da prestigiosa revista americana "Science".

Analisando dados dos anos 1990 e simulando o impacto de uma nova enxurrada de visitantes no complexo pré-histórico, a equipa liderada por Cesáreo Sáiz-Jiménez, do Conselho Nacional de Pesquisa espanhol, argumenta que Altamira tem de continuar fechada para balanço, situação que vale desde 2002.

Do contrário, afirmam eles, bactérias e fungos trazidos pelos turistas vão corroer as rochas da gruta e devorar as próprias pinturas de 15 mil anos de idade - afinal, os micróbios já tinham alcançado os desenhos no começo da década passada, e ainda há pequenas colónias deles de bobeira por ali.

FERAS DO GELO

O complexo, descoberto no fim do século XIX, contém alguns dos mais bonitos exemplares da arte que floresceu na Europa do Paleolítico (popularmente conhecido como "Idade da Pedra Lascada").Com cores fortes, detalhismo e aguda observação da natureza, os anónimos artistas, que já eram seres humanos de anatomia moderna, retrataram bisões (bovinos selvagens), cavalos e cervos. Sáiz-Jiménez e seus colegas explicam que as pinturas só duraram tanto tempo por causa do microambiente especial da caverna.

Antes de ser descoberta, ela era um local extremamente estável, com pouca luz, quase nenhum nutriente para micróbios famintos, pouca infiltração de água e baixa conexão com a atmosfera externa - um mundo à parte, ainda na Idade da Pedra. É claro que um conjunto tão bonito, quando fosse revelado ao mundo, atrairia mesmo turistas - por volta de 1970, eram quase 200 mil pessoas a passar pela caverna todos os anos.


INSUFICIENTE

Nessa época, o governo espanhol verificou que micro-organismos vindos de fora já estavam a causar danos às imagens. Ficou decidido, então, que as visitas cairia para apenas umas 10 mil pessoas por ano, sem contar guias.

Não adiantou, principalmente porque a iluminação artificial necessária para facilitar o turismo favoreceu o crescimento de micro-organismos que dependem da luz para se multiplicar.

Os turistas também trouxeram sedimentos do mundo exterior e aumentaram a ventilação, o que favoreceu ainda mais a invasão microbiana. Foi então que veio o fecho em 2002.

O problema, argumentam Sáiz-Jiménez e companhia, é que os problemas só estão estacionados, e não eliminados. Vários tipos de micróbios ainda povoam a caverna desde sua entrada (veja infográfico).

Eles estão dormentes, aparentemente, mas a volta do fluxo de turistas pode ressuscitá-los.

Uma comissão formada no fim do ano passado pelo governo espanhol está a analisar os pedidos para reabrir a caverna, em nome das rendas vindas do turismo.

Na "Science", os investigadores pedem que seus argumentos sejam levados em conta.

fonte: Folha.com

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