Os cientistas e engenheiros vão trabalhar num dos locais mais remotos do planeta
Uma equipa britânica parte na próxima semana para a Antárctida, com a ambição de procurar novas formas de vida num lago escondido a três quilómetros de profundidade há, pelo menos, 125 mil anos.
Os investigadores, que levarão cerca de 70 toneladas de equipamento, vão preparar a missão científica no Lago Ellsworth, que será realizada um ano depois, em Outubro de 2012, por uma equipa de dez investigadores e engenheiros. Durante três meses, vão viver em tendas num dos locais mais ventosos e frios do planeta, com temperaturas de 25ºC negativos, para tentar descobrir mais "sobre a evolução da vida na Terra e em outros planetas" e sobre "o passado climático do planeta", explicam os responsáveis em comunicado.
O Lago Ellsworth – com cerca de dez quilómetros de extensão e dois a três de largura e cuja água se mantém em estado líquido devido ao calor geotermal vindo do interior da Terra – deverá ser o primeiro dos 387 lagos subglaciais actualmente conhecidos na Antárctida a ser estudado, através da recolha de amostras, salientam os investigadores. Uma sonda concebida por engenheiros do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido, em Southampton, deverá recolher 24 amostras de água a diferentes profundidades e desedimentos no fundo do lago.
Durante anos os cientistas têm especulado sobre a possibilidade de formas de vida novas e únicas, ao nível microbial – como vírus, bactérias e microrganismos unicelulares –, terem evoluído neste ambiente frio, escuro e isolado. "Durante quase 15 anos temos planeado explorar este mundo escondido. Mas só agora temos a tecnologia necessária para perfurar a camada de gelo mais espessa da Antárctida e recolher amostras sem contaminar este ambiente intocado pelo Homem", explicou Martin Siegert, da Universidade de Edimburgo e coordenador da expedição, em comunicado. "Estamos muito entusiasmados."
A equipa vai usar uma espécie de canhão de água quente (97ºC) a alta pressão para abrir um buraco com 36 centímetros de diâmetro. Depois uma sonda vai ser descida por esta abertura no gelo, com capacidade para recolher amostras e para gravar imagem, graças a uma câmara de vídeo de alta definição.
"Encontrar vida num lago que pode ter estado isolado do resto da biosfera há meio milhão de anos vai mostrar-nos muito sobre a origem potencial e os condicionalismos à vida na Terra", disse David Pierce, coordenador científico do British Antarctic Survey, um dos parceiros deste consórcio, financiado pelo britânico Natural Environment Research Council. "E se não encontrarmos nada, isso será ainda mais significativo porque vai definir os limites até onde a vida pode existir no planeta", acrescentou.
fonte: Público
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