quarta-feira, 2 de março de 2011

A Internet Interplanetária está a caminho



Vint Cerf está a trabalhar neste projecto, em parceria com a NASA, desde 1998

“Quando é que poderemos ter Internet noutros planetas?” A pergunta foi feita por um telespectador, via Facebook, a um dos “pais” da Internet, o americano Vint Cerf. E a resposta a esta pergunta, dada perante as câmaras da CNN, parece ser esta: mais cedo do que julgávamos.

“Na verdade existe um projecto chamado Internet Interplanetária. Estou a trabalhar nele desde 1998, com a NASA”, respondeu Cerf, a partir dos estúdios da CNN.

O actual funcionário da Google - onde ostenta o título de Chief Internet Evangelist - explicou que estão actualmente a ser testados novos protocolos de comunicação entre naves espaciais e destas com a Terra. “Temos novos protocolos, que são necessários para se fazerem as comunicações interplanetárias. Porque o actual sistema TCP/IP [o protocolo em que se baseia a Internet, que permite a entrega, de modo fiável e ordeiro, de ‘pacotes’ de informação de uma máquina para outra] simplesmente não funciona com viagens de ida e volta que duram 48 horas”, explicou Cerf.

“Por isso, a resposta [à pergunta do leitor] é: ‘Estamos quase prontos para fazer a comunicação com Marte, com missões que decorrerão em 2015 e 2016. Algumas pessoas dizem: ‘És maluco, estás à espera de comunicar com extraterrestres?’ E eu digo: ‘Não, estou à espera que as naves espaciais possam comunicar entre elas e com a Terra’. É para isso que servem os novos protocolos”, disse ainda Cerf.

O guru da Internet foi ainda questionado acerca de outros assuntos relacionados com a Internet. Nomeadamente os recentes acontecimentos no Egipto, onde um funcionário da Google, Wael Ghonim, foi considerado um dos mentores da revolução que começou por se alastrar pela Internet.

Cerf aclarou que, apesar de a Google estar satisfeita por um dos seus funcionários ter usado a tecnologia para ajudar o seu povo, Wael Ghonim fê-lo durante as suas férias e em nome próprio. “Os telespectadores não devem ficar com a ideia que isto foi uma actividade da Google. Isto foi uma acção de Wael Ghonim, um homem que acreditava verdadeiramente naquilo que estava a fazer. Estamos contentes que ele tenha sido libertado. Ele representa o tipo de coisa que acontece num ambiente aberto como é o da Internet. Ele e o seu povo estavam desejosos de se exprimirem com impacto. E eu acho que toda a gente tem essa oportunidade no ambiente aberto da Internet. Gael conseguiu arranjar uma maneira de usar a tecnologia para ajudar o seu povo”.

A China foi outro dos assuntos em foco durante a entrevista. O Google teve problemas, durante o ano passado, com a forte censura das autoridades chinesas aos resultados devolvidos pelo motor de busca. Isso originou uma transferência provisória dos servidores do gigante tecnológico para Hong Kong, a partir de onde o serviço não sofreria qualquer censura.

A este propósito, Vint Cerf disse que a Google - apesar das dificuldades que possa encontrar em alguns países - tem de estar presente em todo o mundo, porque a Internet também está presente em todo o mundo. “Não nos podemos esquecer que uma enorme fatia dos utilizadores de Internet está no continente asiático. Há cerca de 800 milhões de asiáticos online, metade dos quais estão na China. Por isso, como é que nós não podemos, pelo menos tentar, estar nos seus mercados?”

fonte: Público

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