quarta-feira, 2 de março de 2011

Terapia genética contra o HIV dá resultados promissores


O vírus da sida ataca as células do sistema imunitário

Um novo tratamento que bloqueia um gene específico das células atacadas pelo vírus da sida - o HIV - deu resultados promissores, notícia a revista Nature.

O HIV ataca células específicas do sistema imunitário - os linfócitos T CD4, matando-os progressivamente. O vírus entra nestas células e utiliza a sua maquinaria para se replicar. Uma das portas mais importantes de entrada do vírus é uma proteína que se encontra na membrana das células, chamada CCR5.

Os cientistas sabem que há pessoas resistentes ao vírus da sida porque têm uma mutação no gene que codifica a proteína CCR5. Inspirada nesta mutação natural, uma equipa de cientistas resolveu utilizar a terapia genética para bloquear a actividade da CCR5 e impedir o vírus de entrar nas células.

A equipa da Clínica de Investigação Quest, em São Francisco, nos Estados Unidos, tirou uma amostra de linfócitos T CD4 em seis homens infectados com o vírus. Apesar de estes pacientes terem uma carga viral pequena devido aos medicamentos anti-retrovirais que tomavam, tinham uma população de células T muito baixa.

Os cientistas utilizaram uma enzima artificial, cujo nome técnico é "nuclease dedos de zinco" (em inglês zinc finger nuclease). Esta pequena proteína foi concebida para se ligar a sequências específicas da molécula de ADN, alterando-as. Neste caso, a sua actividade foi direccionada para alterar e bloquear o gene CCR5 dos linfócitos T CD4.

Depois de fazerem esta terapia in vitro nas células, os cientistas voltaram a injectar os linfócitos T CD4 nos respectivos pacientes. E o número destas células aumentou em cinco dos seis pacientes. Os resultados dos primeiros testes clínicos foram apresentados a 28 de Fevereiro, num congresso em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo Jacob Lalezari, director da clínica, as células alteradas viajaram pelo corpo até ao tecido da mucosa do tubo digestivo, um dos principais reservatórios do HIV, onde se multiplicaram, escreveu a revista Nature.

“É muito entusiasmante”, disse à Nature John Rossi, biólogo molecular do City of Hope’s Beckman Research Institute, na Califórnia. “Se se fizer isto várias vezes a um doente, pode conseguir-se uma grande percentagem de células resistentes [ao HIV].”

No entanto, o cientista alerta que ainda não se sabe o que está na origem destes resultados. Os linfócitos podem ter-se multiplicado no organismo por terem sido tratados in vitro. Por outro lado, estes indivíduos já tinham poucos vírus e não se sabe se a terapia vai resultar em pessoas com uma contagem alta de HIV.

fonte: Público

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