Segundo Arnall, 24 de Janeiro foi o dia mais deprimente de 2011
A fórmula que supostamente determina que ontem, 24 de Janeiro, terá sido o dia mais deprimente do ano 2011 não tem, afinal, nada de científico.
Aqui vai a explicação do que está por detrás do chamado Blue Monday, com muitas aspas à mistura.
A dita “fórmula” foi oportunamente “inventada”, em 2005, por Cliff Arnall, na altura docente da Universidade de Cardiff, para uma campanha publicitária de uma agência de viagens entretanto encerrada, a Sky Travel. A ideia, da autoria de uma agência de marketing, a Potter Novelli, era que um “cientista” desse o seu aval (mediante pagamento) à dita fórmula para fazer aumentar a venda de viagens para paragens menos deprimentes.
Já em Novembro de 2006, Ben Goldacre, do Guardian, escrevia nas páginas daquele jornal britânico acerca de Arnall: “É provavelmente o mais prodigioso de todos os produtores de ‘equações’ da treta.” E acrescentava que “as equações de Cliff Arnall são estúpidas e algumas até nem conseguem fazer sentido em termos matemáticos”.
Diga-se de passagem que o diário foi levado a publicar, na semana seguinte, uma declaração da Universidade de Cardiff a dizer que Arnall já não trabalhava naquela instituição desde Fevereiro de 2006.
O próprio Arnall não nega a sua impostura. Num outro artigo publicado por Goldacre, pouco antes do Natal de 2006 – onde o autor chegava ao ponto de apelidar Arnall de “prostituta empresarial” (“corporate whore”) –, o jornalista contava que o “cientista” lhe tinha enviado um email a propósito da sua crónica anterior, informando-o de que tinha acabado de receber um cheque do grande fabricante de gelados Wall’s. A pedido da Wall’s, Arnall tinha inventado uma outra “fórmula”, desta vez para determinar o dia mais feliz do ano (que, já agora, calha supostamente em finais de Junho, na abertura, por assim dizer, da temporada dos gelados...).
O que se percebe menos é que todos os anos, em Janeiro, uma pletora de jornais pelo mundo fora, incluindo o próprio Guardian, tornem a fazer notícias com esta “equação da treta”.
fonte: Público
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