Estes organismos podem ter aparecido devido ao primeiro aumento de oxigénio na Terra (DR)
Uma equipa de cientistas descobriu um grupo de fósseis com 2,1 mil milhões de anos que podem representar os mais antigos organismos multicelulares de sempre. O estudo foi publicado num artigo da Nature.
A expansão da vida multicelular aconteceu durante a explosão do Câmbrico, há cerca de 550 milhões de anos quando os principais grupos de animais apareceram. Mas o fóssil mais antigo que se conhecia e que pode ser representativo da vida multicelular – um organismo com várias células que se comunicam entre si com funções diferentes – tinha 1,9 mil milhões de anos. Os fósseis descobertos agora, no Gabão, em África são cerca de 200 milhões de anos mais velhos.
“Temos estes macrofósseis que aparecem num mundo que é essencialmente microbiano”, explica Stefan Bengston, um paleontólogo do Museu Sueco de História Natural, em Estocolmo, que é co-autor do estudo. “É um acontecimento importante, porque quando finalmente existem organismos grandes, há uma mudança na forma como a biosfera funciona, já que [estes organismos] interagem entre eles e com os micróbios”, explicou citado na Nature.
A equipa de 21 pessoas estudou as rochas e através da estrutura e do conteúdo químico excluíram a hipótese das formas terem origem química. Os fósseis medem entre um e 12 centímetros, têm formas irregulares, que nas extremidades parecem abas com franjas. A tridimensionalidade do organismo que produziu as estruturas sugere a existência de uma massa de células que teria de se comunicar entre si.
Há, no entanto, outros cientistas que contestam esta conclusão. O paleontólogo Adolf Seilacher, da Universidade de Yale, considera que as marcas representam pseudo-fósseis. A estrutura formou-se a partir da agregação da pirite, um mineral metálico. Outra incógnita é se a forma não representa simplesmente uma colónia de células.
No artigo, a equipa associou o aparecimento deste organismo multicelular, um passo determinante para a evolução da complexidade da vida, com o aumento da concentração de oxigénio que ocorreu há 2,4 mil milhões de anos. Paralelamente, antes da explosão do Câmbrico, a Terra sofreu um novo aumento da concentração do oxigénio.
“A evolução dos fósseis do Gabão pode ter-se tornado possível depois do primeiro impulso dado pelo oxigénio”, sugeriu Abderrazak El Albani, da Universidade de Poitiers, e a equipa num comunicado de imprensa. “Enquanto a explosão do Câmbrico pode ter sido alimentada pelo segundo.” Um dos grandes mistérios da evolução é, segundo os autores, os processos biológicos que sucederam entre os dois fenómenos.
fonte: Público
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