Um investigador acredita ter descoberto pistas que podem levar à identificação do autor do Manuscrito Voynich - um livro do século XV escrito numa língua indecifrável e com imagens de plantas desconhecidas
Aquelas 240 páginas já passaram por algumas das mentes mais brilhantes do último século, incluindo linguistas e criptógrafos que decifraram complexos códigos inimigos nas duas guerras mundiais. Mas ninguém conseguiu descortinar o mínimo significado ou lógica do texto, escrito por um anónimo com caracteres desconhecidos. Agora, um especialista inglês em manuscritos medievais diz acreditar que o autor do Manuscrito Voynich, criado entre 1404 e 1438, era um médico judeu que viveu no norte de Itália.
Sendo o texto impossível de descodificar, o investigador concentrou-se nas ilustrações. Particularmente numa em que surgem oito mulheres a tomar banho num tanque oval. "O único local onde se viam mulheres a tomar banho juntas, na Europa da altura, era nos banhos de purificação usados pelos judeus ortodoxos nos últimos 2 mil anos", explica Stephen Skinner, ao jornal The Guardian. Seriam, então, imagens de mikvah, os banhos comunitários que as mulheres judaicas tomavam para se lavarem da menstruação ou do parto. Nesse caso, atendendo aos tubos ligados ao recipiente, as ilustrações são esboços de uma invenção do autor para manter a água limpa.
Outra pista para a origem judaica do autor é a absoluta ausência de símbolos cristãos, o que é particularmente estranho numa região e época em que a Inquisição estava já bem implantada, dedicando-se a perseguir tudo o que cheirasse a heresia. Quanto à região onde vivia o autor, a pista é dada por um desenho de um castelo com um pormenor típico do norte de Itália. Finalmente, as imagens de astros e das plantas sugerem um médico típico do século XV (que misturava astrologia e herbalismo).
O manuscrito tem sido um quebra-cabeças desde que foi redescoberto em 1912 por um alfarrabista polaco, Wilfrid Voynich, nome pelo qual passou a ser conhecido. No início, suspeitava-se que teria sido o próprio Voynich a forjar o livro, que além de escrito numa linguagem estranha tinha também ilustrações de plantas desconhecidas. Essa hipótese foi entretanto descartada, de modo definitivo, depois de uma datação por radiocarbono de uma universidade americana ter confirmado o início do século XV como data de origem do documento.
O facto de ninguém ter conseguido decifrar o manuscrito continua, no entanto, a levar muita gente a acreditar que se trata de uma trabalhosa e sofisticada brincadeira - o texto será apenas uma algaraviada sem sentido, dizem muitos, apontando ainda aos desenhos de plantas que não existem hoje nem existiam na altura. A maioria, no entanto, crê que o livro é verdadeiro, escrito numa linguagem ou dialeto de algum local remoto, entretanto extintos, ou num cifra muito complexa e de que só o autor tinha a solução. É que, apesar de algumas características estranhas (certas letras que aparecem exclusivamente no início ou no fim de palavras, por exemplo), um estudo publicado numa revista científica em 2013 revela que foram encontrados padrões linguísticos, o que não aconteceria se se tratasse de um embuste sem sentido.
fonte: Visão
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