Uma imagem das garrafas enviadas por George Parker Bidder no início do século XX, disponibilizada pela Marine Biological AssociationFotografia © Marine Biological Association/Facebook
É a mais antiga a ser descoberta e foi lançada no início do século XX pelo diretor de um centro britânico de investigação marinha. Os casal que a recuperou recebeu a recompensa prometida: um xelim.
É a mais antiga garrafa com uma mensagem lá dentro a ser encontrada, 108 anos depois de ter sido lançada ao mar. Deu à costa na ilha alemã de Amrum e foi Marianne Winker, uma funcionária dos correios reformada, que teve a honra de a encontrar durante umas férias. Apesar de a descoberta ter acontecido no passado mês de abril, só agora a história se tornou pública.
Segundo o britânico Telegraph, quando encontraram a garrafa, Marianne e o marido não tiveram outro remédio senão seguir as instruções: através do vidro, era visível um papel enrolado com a palavra "partir" em letras garrafais. Foi necessário fazer a garrafa em pedaços para chegar à mensagem, que estava escrita em três idiomas, ingês, alemão e holandês. Pedia-se então à pessoa que a encontrasse para responder a algumas perguntas, sobre a data e a localização da descoberta, e ficava prometida uma recompensa de um xelim - moeda das ex-colónias britânicas - para quem enviasse essas informações para a Marine Biological Association, organização que estuda a biologia marinha, em Plymouth, no Reino Uido. "Fizemos como nos era pedido", explicou Marianne.
"Foi uma agitação quando abrimos aquele envelope, como devem imaginar", contou ao Telegraph o diretor de comunicação da associação, Guy Baker. A garrafa era afinal uma das 1200 que foram lançadas para o Mar do Norte entre 1904 e 1906 por George Parker Bidder, que era à data presidente da Marine Biological Association e tinha em curso um projeto científico para saber mais sobre as correntes marítimas. "A associação ainda hoje faz pesquisa semelhante, mas temos acesso a tecnologia que na altura eles não tinham", explicou Guy Baker.
Muitas das garrafas que foram lançadas no início do século XX foram encontradas por pescadores, presas nas redes de pesca em mar alto. Outras deram à costa, algumas nunca foram recuperadas. Com os dados recolhidos assim, Bidder conseguiu provar na altura que, no Mar do norte, as correntes fluiam de Este para Oeste. E também descobriu que a solha nada contra a corrente, informação que foi útil a nível comercial para a indústria pesqueira.
Muitas das garrafas foram encontradas em pouco tempo: períodos de meses, não décadas, garante Baker. Há muito que a associação desistira de procurar os exemplares desaparecidos. Falta agora obter a confirmação oficial do Livro dos Recordes do Guinness, que há-de comprovar que a garrafa agora descoberta é a mais antiga encontrada no mar. A que detém atualmente o recorde passou 99 anos e 43 dias no mar, tendo sido recuperada em 2013 numa rede de pesca. Entretanto, foi encontrada também na Alemanha outra garrafa, que teria dado à costa depois de 101 anos desaparecida. Mas a que foi agora descoberta bate ambos os recordes, já que terá passado 108 anos à deriva no oceano.
Uma coisa é certa: o casal alemão responsável pela descoberta recebeu o seu xelim, a recompensa prometida para quem devolvesse a mensagem na garrafa ao ponto de partida. "Comprámo-lo no eBay", confessa o diretor de comunicação da associação britânica. "Foi enviado com uma carta de agradecimento".
fonte: Diário de Noticias
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