quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Encontrada nova espécie de primata que está ameaçada pela caça

A nova espécie Cercopithecus lomamiensis tem um crânio distinto e olhos grandes

Descoberta uma nova espécie de macaco africano

A nova espécie Cercopithecus lomamiensis tem um crânio distinto e olhos grandes 

Os olhos esbugalhados do Cercopithecus lomamiensis foram uma novidade para John Hart quando, em 2007, olhou pela primeira vez para uma fotografia de um indivíduo desta espécie, então desconhecida. Passados cinco anos, a certeza é absoluta, a República Democrática do Congo (RDC) conta com mais uma espécie de primata e tem mais uma razão para proteger as suas florestas ameaçadas pela caça de animais selvagens cuja carne é utilizada para alimentação, explica um artigo publicado ontem na revista PLoS One.

Em 28 anos, esta é a segunda vez que se descobre uma nova espécie de primata em África, para a ciência. "Quando vi pela primeira vez o animal na fotografia percebi logo que era alguma coisa fora do comum e que podia ser uma espécie nova", disse John Hart ao PÚBLICO, um dos autores do artigo, da Fundação para a Investigação de Vida Selvagem de Lukuru, na RDC. O cientista norte-americano trabalha quase há 40 anos no Congo. Em 1973, depois de se licenciar, visitou-o pela primeira vez para estudar uma tribo de pigmeus e acabou por ver crescer a caça de animais selvagens, o que o fez enveredar para a conservação.

Em 2007, juntamente com a mulher, Terese Hart, John iniciou o projecto TL2, para estudar as florestas mais densas e inexploradas do país. O TL2 está limitado pelos rios Tshuapa, Lomami e Lualaba no Centro-Este da RDC e abrange uma área de 65.000 quilómetros quadrados, quase três quartos de Portugal continental. Conta com várias espécies de primatas, entre as quais populações de chimpanzés bonobos. Foi logo no início do projecto que deram de caras com a nova espécie.

O investigador conta-nos que os seus assistentes encontraram numa expedição um jovem macaco desconhecido enjaulado. O primata era um animal de estimação da filha do director de uma escola, na cidade de Opala. Depois de o animal ser fotografado e de John Hart suspeitar da importância da descoberta, o macaco foi observado ao longo de vários meses. Depois da realização de testes genéticos, a equipa compreendeu que estava diante de uma espécie nova. Nos anos seguintes analisaram a morfologia do primata, a partir de sete animais, determinaram a área do habitat, fizeram percursos pela região do TL2, ouviram as vocalizações de grupos de indivíduos e até viram o ataque de uma águia.

A nova espécie recebeu o nome científico de Cercopithecus lomamiensis por causa do rio Lomami, que é uma das fronteiras do habitat do animal. "O C. lomamiensis tem um crânio muito distinto, os olhos são bastante grandes em comparação com as outras espécies", explica o cientista. Tem cerca de meio metro de comprimento, sendo que as fêmeas são mais pequenas do que os machos. A região do rabo não tem pêlo e tem uma cor azulada, uma característica que só partilha com a espécie parente mais próxima, o Cercopithecus hamlyni.

A equipa descobriu que estas duas espécies estão muito próximas, tendo-se separado entre 2,8 e 1,7 milhões de anos. O habitat do C. hamlyni é separado do da nova espécie e situa-se mais à esquerda. Uma das possibilidades da divergência evolutiva é a separação de populações ancestrais devido a linhas de água.

O novo primata vive numa região de 17.000 quilómetros quadrados, o que equivale aos distritos de Évora e Beja juntos. Percorre as florestas húmidas mas não alagadas deste habitat, já que gosta de andar no chão, e é relativamente mais activo antes do amanhecer e à noite. As populações locais já conheciam a espécie, que é alvo de caça para alimento. "A caça é definitivamente uma ameaça", diz John Hart. "É um problema realmente sério no Congo para todas as espécies de primatas", acrescentou. 

O Cercopithecus lomamiensis foi imediatamente classificado como uma espécie vulnerável, de acordo com a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza, que na terça-feira publicou uma lista das 100 espécies mais ameaçadas do mundo. O objectivo do John e da mulher é conseguirem agora estabelecer uma área protegida na região TL2, que será o Parque Nacional Lomami. "Esperamos que o parque promova as visitas de turistas e projectos de investigação e, com isso, assegure a protecção dos animais desta região."

fonte: Público

1 comentário:

  1. Prezados,

    Um paleontologo brasileiro, fez importante descoberta de fosseis do pleistoceno, pela 1 vez em luanda, angola. Porem o mais importante foi a descoberta de uma pedra com desnhos rupestres, segundo a hipote dele , os camelos foram usados em angola, muito antes do tempo que se imaginava domestica-los, há mais de 30 mil anos atras.

    Sou brasieliro e estou aqui em angola, ví isso e achei muito legal: http://jornaldeangola.sapo.ao/18/0/investigador_descobre_fosseis_em_luanda#noticia

    claudio neto.

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