sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Árvores que brilham pode ser uma solução genética para a iluminação urbana


Imaginem só andar por um parque à noite e ter seu caminho iluminado por filas e mais filas de árvores que brilham.

Se o trabalho de investigadores da Universidade de Cambridge evoluir, árvores bioluminescentes podem vir a dar às ruas este cenário de sonhos.

E eles já deram o primeiro passo desenvolvendo ferramentas genéticas que permitem transferir facilmente para um organismo os traços que conferem bioluminescência.

A natureza está cheia de organismos que brilham no escuro, mas sua luz é muito fraca para permitir a leitura, por exemplo.

Para reforçar esta luz, a equipa de jovens investigadores, que participou de uma competição internacional do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), modificou o material genético de vaga-lumes e da bactéria marinha Vibrio fischeri para aumentar a produção e actividade das enzimas responsáveis pelo seu brilho.

Eles criaram ainda componentes genéticos, ou "tijolos biológicos", que podem ser inseridos no genoma de outros organismos.

Os estudantes foram capazes de produzir várias gamas de cores ao introduzirem estes genes em bactérias Escherichia coli e descobriram que uma cultura do tamanho de uma garrafa de vinho produz luz suficiente para a leitura.

- Acabamos não produzindo as árvores bioluminescentes, que eram a inspiração do projecto - diz Theo Sanderson, integrante da equipa. - Mas decidimos montar peças que permitirão que futuros investigadores usem a bioluminescência de forma bem mais eficiente.

Solução para quem vive sem eletricidade

As plantas bioluminescentes também podem ter um apelo especial para as pessoas cujas casas não estão ligadas às redes de eletricidade.

Estas luzes vivas não partem e novas "lâmpadas" podem ser produzidas apenas cultivando mais plantas.

A equipa calcula que, para competir com um poste comum, uma árvore bioluminescente teria que desviar para a iluminação apenas 0,02% da energia obtida pela fotossíntese.

Mas poderemos ver em breve árvores que brilham iluminando nossas ruas? Não tão cedo, admite Alexandra Daisy Ginsberg, designer e artista que assessorou a equipa:

- Já temos as lâmpadas. Não vamos gastar dinheiro produzindo um substituto para algo que já funciona muito bem - diz ela, que por outro lado vê na "bioluz" um atractivo especial. - Há algo de muito visceral numa luz viva. Se você tem que alimentar e cuidar dela, ela torna-se mais preciosa.

Mas um organismo vivo pode produzir luz sem ser bioluminescente? Sim, desde que esteja cheio de nanopartículas de ouro.

Uma equipa liderada por Yen Hsun Su, do Centro de Pesquisas Científicas Aplicadas de Taipei, Taiwan, mergulhou um espécime de Bacopa caroliniana, uma planta comumente usada em aquários, numa solução de nanopartículas de ouro.

Quando ela foi exposta à luz ultravioleta, os electrões do ouro foram energizados, fazendo com que emitissem uma luz azul.


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