As fêmeas que se reproduzem com vários machos enriquecem as espécies e tornam-nas mais adaptáveis às mudanças ambientais, revela um estudo coordenado por um cientista português baseado na Escócia.
Miguel Barbosa, biólogo especializado em animais marinhos, publicou em Novembro no Journal of Evolutionary Biology as conclusões de um estudo realizado com peixes tropicais de água doce guppy que muda a perspectiva científica sobre o papel do comportamento sexual das fêmeas na evolução.
"A ideia de que existe um macho ideal que as fêmeas procuram deixou de existir. Há vários e as fêmeas têm um papel vital", realçou, em declarações à agência Lusa. Para o cientista, "estes resultados destroem o mito da fêmea submissa, que deixa de ser um veículo passivo e passa a ser crucial para o sucesso da sua própria reprodução e tem de ser considerada uma força relevante quando se estudam os processos evolutivos".
Estudando a reprodução em regime de poliandria (com vários machos diferentes), Miguel Barbosa descobriu que a espécie guppy ganha por nascerem "filhos mais variados". "Se nascerem filhos de pais diferentes, cada filho vai competir para uma coisa diferente, os irmãos não competem entre si, o que vai aumentar o sucesso reprodutor no futuro", explicou. Os peixes nascidos de mães que acasalaram com vários machos nasceram com mais cores, o que para os guppy é um indicador de atractibilidade.
Formado na Universidade de Lisboa, Miguel Barbosa tirou o mestrado na Universidade James Cook, Austrália, e doutorou-se na Universidade de St. Andrews, onde é investigador convidado.
fonte: Diário de Noticias
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