O animal humano não é o único primata a fazer greve. Na realidade, o protesto dos indignados “sapiens” espanhóis que hoje se revoltam contra a reforma laboral do Governo tem profundas raízes evolutivas, inscritas no ADN que partilhamos com os nossos parentes mais próximos.
Pelo menos foi o que revelou as investigações pioneiras do grande primatólogo Frans de Waal, diretor do Laboratório Yerkes de Investigação de Primatas de Atlanta (EUA).
“Comprovámos que se dermos a um macaco capuchinho uma recompensa menor do que a outro que desempenhou a mesma tarefa, o primata prejudicado fica revoltado e não colabora mais”, explicou De Waal ao jornal espanhol El Mundo.
“Por isso, estou convencido de que estas macacos entendem perfeitamente quando são tratados de forma injusta e podem revoltar-se contra a desigualdade de uma maneira comparável às greves dos humanos”, assegurou o primatólogo.
Para chegar a esta conclusão, Frans de Wall e os seus colegas ensinaram um grupo de macacos capuchino a desempenhar tarefas simples. O trabalho consistia em recolher pedras e colocá-las na mão de um dos investigadores. Como recompensa, os investigadores davam-lhe um pepino.
Até aí, a produtividade desta espécie de empresa corria bem. Se todos os macacos recebessem o mesmo “salário”, sem diferenças significativas no tamanho dos pepinos, reinava a paz social e 90% dos capuchinhos cumpria com as suas obrigações em menos de cinco segundos.
Os problemas começaram quando, de forma indiscriminada, os investigadores decidiram aumentar o “salário” de alguns trabalhadores. Perante o olhar atónito dos restantes macacos, os capuchinhos afortunados começaram a receber uvas em vez de pepinos cada vez que recolhiam uma pedra.
Para compreender a gravidade do assunto, há que ter em conta que aos olhos (e boca) de um capuchinho, uma suculenta e doce uva tem um valor infinitamente superior a um pepino medíocre.
A reação dos macacos preteridos foi a mesma de uma qualquer trabalhador em situação de desigualdade manifesta: perderam a motivação, caíram no marasmo e começaram a desobedecer aos investigadores. O conflito laboral estalou e os capuchinhos maltratados recusaram continuar a trabalhar.
fonte: Os Bichos
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