Impressão artística da Via Láctea, com um halo azul à volta a indicar a distribuição esperada da matéria escura
Equipa de astrónomos chilenos não descobriu matéria escura em volta do Sol, ao contrário do que defendem as teorias dominantes, que dizem que 83% do Universo é constituído por esta matéria misteriosa.
Uma equipa de astrónomos chilenos realizou o estudo mais completo de sempre sobre os movimentos de estrelas na Via Láctea e concluiu que não existem grandes quantidades de matéria escura na vizinhança do Sol, como defendem as teorias dominantes.
De acordo com essas teorias, a vizinhança do Sol deveria estar cheia de matéria escura, a matéria invisível misteriosa que só pode ser detetada por via indireta pela força gravitacional que exerce.
O novo estudo descobriu que estas teorias, afinal, não explicam os dados observados, o que significa que será dificil detetar diretamente partículas de matéria escura a partir da Terra.
Mais de 400 estrelas estudadas
Os astrónomos, que pertencem às universidades de Concepción do Chile e ao Observatório Europeu do Sul (ESO), organização a que Portugal pertence, usaram um telescópio do Observatório de La Silla do ESO, no Chile, juntamente com outros telescópios, e mapearam os movimentos de mais de 400 estrelas até uma distância de 13.000 anos-luz do Sol.
A partir destes novos dados, os astrónomos calcularam a massa da matéria na vizinhança do Sol, contida num volume quatro vezes maior do que o alguma vez considerado em estudos anteriores.
"A quantidade de massa que calculámos coincide muito bem com o que vemos - estrelas, poeira e gás - na região em torno do Sol", revela o líder da equipa, Christian Moni Bidin, "o que não deixa lugar para matéria adicional - a matéria escura - que esperávamos encontrar".
"Os nossos cálculos mostram que a matéria escura deveria ter aparecido muito claramente nas medições, mas afinal não está lá", salienta o investigador da Universidade de Concepción.
Procurar 83% do Universo
Estima-se que a matéria escura constitua 83% da matéria do Universo. É uma substância que não pode ser vista mas que se deteta pelo efeito gravitacional que exerce na matéria visível à sua volta.
Ela foi originalmente sugerida para explicar por que é que as zonas periféricas das galáxias, incluindo a Via Láctea, rodam tão rapidamente, e hoje integra as teorias sobre a formação e evolução das galáxias.
Os modelos que existem para explicar como é que as galáxias se formam e rodam, sugerem que a Via Láctea esteja rodeada por um halo de matéria escura e preveem encontrar quantidades significativas de tal matéria na região em torno do Sol."Apesar dos novos resultados, a Via Láctea roda muito mais rapidamente do que o que pode ser justificado pela matéria visível. Por isso, se a matéria escura não está onde se esperava, temos que procurar uma nova solução para o problema da massa que falta. Os nossos resultados contradizem os modelos atualmente aceites", conclui Christian Moni Bidin.
fonte: Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário