sábado, 28 de abril de 2012

Asteroides gigantes caíram na Terra e na Lua há biliões de anos


Ilustração da queda de um asteroide na Terra há biliões de anos

Conclusão é de dois estudos publicados pela revista científica 'Nature'. Descobertas respaldam modelo sobre origem do Sistema Solar.

Há aproximadamente 3,8 biliões de anos, a Terra e a Lua receberam impacto de inúmeros asteroides gigantes, maiores do que os que extinguiram os dinossauros, e durante um período mais longo do que se achava, informou nesta quarta-feira (25) a revista científica "Nature".

"Descobrimos que asteroides gigantes, similares ou maiores aos que acabaram com os dinossauros, se chocaram contra a Terra com muito mais frequência do que se pensava", explicou à Agência Efe o astrofísico William Bottke, do Instituto de Pesquisas Southwest, no estado norte-americano do Colorado.

Autor de um dos dois artigos publicados na última edição da "Nature", sobre o impacto dos meteoritos, Bottke aponta que cerca de 70 asteroides de grandes dimensões se chocaram contra a Terra durante o período Arqueano, que está compreendido entre 2,5 biliões e 3,8 biliões de anos atrás. Segundo ele, a Lua também foi atingida.

"Nosso trabalho sugere que o Arqueano, um período de formação da vida e de nossa biosfera, foi também uma época marcada por muitos impactos de meteoritos de grande magnitude. Isto nos ajudará a entender melhor os primeiros períodos da história da vida na Terra", declarou Bottke.

Já Brandon Johnson, da Universidade de Purdue, no estado de Indiana, também nos EUA, afirma em outro estudo que estes violentos impactos tiveram um papel maior do que imaginávamos na evolução das primeiras formas de vida terrestre.

"Apesar de sempre pensarmos nos meteoritos como um detrimento para a vida, eles poderiam ter contribuído para a formação da mesma ao trazer material orgânico à Terra e produzir sistemas hidrotermal capazes de gerar vidas", detalhou Johnson à Agência Efe.

'Modelo de Nice'

As descobertas de ambos os cientistas respaldam o "Modelo de Nice", uma hipótese que defende que os planetas gigantes gasosos do Sistema Solar - Júpiter, Saturno, Urano e Netuno - migraram a partir de uma distribuição inicial mais compacta até suas actuais posições.

O deslocamento destes planetas originou muitos asteroides, que, posteriormente, se viram atraídos em direção ao interior do Sistema Solar. Alguns destes asteroides bateram violentamente na Terra, na Lua e em outros corpos, um fenómeno conhecido como "bombardeio intenso tardio".

"Estes impactos geraram grandes crateras sobre a superfície lunar, que, por sinal, foram muito mais bem conservadas do que as da Terra. Esse facto pode apresentar uma grande quantidade de informações e explicar melhor este fenómeno", explicou Bottke.

No total, os cientistas contabilizaram na Lua 30 crateras com um diâmetro maior que 300 quilómetros e com idades que oscilam entre os 4.1 biliões e os 3.8 biliões de anos, mais antigas que as crateras encontradas na Terra.

Muitas crateras da superfície terrestre se perderam por causa da erosão e dos movimentos das placas tectónicas, sendo que poucas rochas dessa era sobreviveram. Por isso, o estudo de impacto de meteoritos caídos há mais de 2 biliões de anos é mais complicado.

No entanto, o choque desses meteoritos fundiu algumas das rochas salpicadas que arrefeceram até se transformar em pequenos pedaços de vidro, denominadas esférulas. A partir dessas amostras, Bottke e Johnson estimaram a data do impacto, além do número e do tamanho dos asteroides.

Existem aproximadamente 20 jazidas de esférulas na Terra, que, segundo os especialistas, serão de grande utilidade para estudos futuros.

fonte: G1

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