Fêmea e crias num dos restos do gelo no mar de Barents, no final de Julho
Afinal, o urso polar existe como espécie há 600 mil anos. Um novo estudo genético permitiu descobrir que este animal emblemático do Árctico é assim mais antigo - em 450 mil anos - do que se supunha, conclui um artigo na revista Science.
Até agora, pensava-se que o urso polar (Ursus maritimus) era uma espécie que descendia do seu “primo” urso pardo (Ursus arctos). Na verdade, artigos científicos anteriores sobre os ursos polares e os ursos pardos relataram semelhanças no seu ADN mitocondrial (herdado só da mãe e que contém apenas uma porção pequena de todo o genoma). Por causa disso, assumiu-se que a espécie árctica era descendente dos seus primos castanhos e que tinha surgido entre há 166 mil e 111 mil anos, o que implicava que teria sido obrigada a adaptar-se rapidamente às condições exigentes do Árctico.
Nesta nova investigação, Frank Hailer, do Centro de Investigação para o Clima e Biodiversidade alemão (BiK-F), e os seus colegas quiseram fazer um estudo genético mais completo: analisaram o ADN do núcleo das células de 19 ursos polares, 18 ursos pardos e sete ursos negros (Ursus americanus).
As diferenças detectadas entre os genomas indicam agora que as duas primeiras espécies “divergiram de um antepassado comum há 600 mil anos”, diz em comunicado o Conselho Superior de Investigações Científicas espanhol (CSIC), que participou na investigação. Essa altura era marcada por eventos climáticos de arrefecimento da Terra, que poderão assim estar associados à origem do urso polar, defendem os cientistas.
O estudo sugere também que a adaptação da espécie às alterações climáticas foi um processo lento e não rápido, como anteriormente se supunha.
Agora, com a temperatura média da Terra a aumentar, os ursos polares poderão não ter tempo suficiente para se adaptar. “Se perdermos o urso polar na nossa era, devemos perguntar-nos até que ponto dificultámos a sua sobrevivência, já que ele foi capaz de resistir a outras épocas mais quentes no passado”, disse Jennifer Leonard, da Estação Biológica de Doñana, do CSIC. A espécie está ameaçada pelo desaparecimento do habitat, por causa do degelo glacial. Isto obriga os ursos polares “a colonizar regiões habitadas por humanos, onde a sua sobrevivência se vê comprometida”, referiu Leonard.
fonte: Público
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