sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Descoberto carbono num exoplaneta


O WASP-12b, a 1200 anos-luz da Terra, é um gigante gasoso. O facto de conter carbono, que é essencial à vida na Terra, abre novas perspectivas nestes estudos

 A 1200 anos-luz do sistema solar, o exoplaneta WASP-12b, descoberto no ano passado, tem uma atmosfera que "respira" carbono. Foi a a primeira vez que se detectou carbono - um dos elementos essenciais à vida na Terra - na atmosfera de um destes mundos distantes. A descoberta é publicada hoje na Nature.

O WASP- 12b é um gigante gasoso, como o "nosso" Júpiter, mas o facto de ali ter sido detectada a assinatura do carbono deixa em aberto a possibilidade de existirem planetas rochosos em torno da mesma estrela (ou de outras estrelas) constituídos por este elemento.

Descoberto em 2009 por uma equipa de investigadores que utilizou o telescópio no Reino Unido Wide Angle Search for Planets (WASP) - daí o seu nome - o planeta tem 1,4 vezes a dimensão de Júpiter, o maior dos planetas do sistema solar, e está incluído na categoria dos júpiteres quentes. Ou seja, atinge altas temperaturas, dada a proximidade da estrela que orbita.

No entanto, em nenhum destes júpiteres quentes - a maioria dos 500 exoplanetas identificados, desde que o primeiro foi descoberto, em 1995 - tinha sido até hoje detectado carbono.

"Isto é território novo e vai motivar os cientistas a investigar o que existe no interior destes planetas ricos em carbono", disse o principal autor do artigo em que se descreve a descoberta, Nikku Madhusudhan, que actualmente desenvolve o seu trabalho em astrofísica na universidade de Princeton, nos Estados Unidos.

Embora, tal como Júpiter, este seja um planeta gasoso e não tenha superfície rochosa para albergar vida, o WASP-12b inaugura uma nova categoria de planetas extra-solares. É possível que em torno da mesma estrela se tenham formado há milhares de milhões de anos planetas rochosos de dimensões semelhantes às da Terra e também ricos em carbono. A ser assim - e essa é uma hipótese que os astrofísicos vão explorar a partir de agora, procurando esses possíveis planetas -, formas de vida que aí surgissem teriam de sobreviver adaptadas a um mundo com pouco oxigénio e pouca água, e com muito metano, os principais elementos desse mundo distante, segundo a estimativa dos investigadores. Mas, como eles próprios notam, isso acaba por não ser assim tão inverosímil depois de a NASA ter anunciado na semana passada que existe no nosso próprio planeta uma bactéria que se alimenta de arsénico.


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