sexta-feira, 9 de julho de 2010

"Ficámos aliviados por descobrir que o protão é mais pequeno"



Joaquim Santos é coordenador português da investigação que 'encolhe' o protão e investigador da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Fez parte da investigação internacional que "encolheu" o protão e que faz capa da Nature. Mas este não era o objectivo principal do trabalho. O que é que pretendiam fazer?

Como é que descobriram que o protão é mais pequeno do que se pensava?

Estávamos a fazer a medição com um laser e disparámos para uma frequência onde era suposto ter sinal porque o protão devia ter aquela dimensão, mas não encontrámos sinal nenhum. Depois apontámos para outra frequência mais limitada e descobrimos o protão. Isto leva-nos a fixar outro valor para o raio do protão, que é afinal 4% mais pequeno do que se pensava.

Qual o impacto desta descoberta?

Não sabemos bem ainda. Mas há muitas teorias que são feitas com base nas medidas do protão e é preciso saber se estão correctas ou não. Podem ser apenas erros de cálculo, mas as teorias podem também estar erradas por inteiro. Pode até acontecer que alguém se tenha distraído a fazer os cálculos e aí só os números é que estão errados e não toda a teoria. Uma das teorias que pode ser questionada é a da electrodinâmica quântica, que descreve a interacção entre a luz e a matéria. Mas agora os investigadores têm de rever os cálculos que se baseiam na medida do protão.

Então a vossa descoberta veio dar mais trabalho aos outros investigadores. Não acha que eles podem ficar chateados?

(Risos) É verdade, viemos dar mais trabalho aos outros investigadores. Mas também é bom para eles manterem activos os seus conhecimentos e para que percebam a razão desta diferença de medidas do raio do protão. E se eles descobrirem algo de novo com isto também vai ser muito bom para eles.

O que é que sentiram quando descobriram que o protão era afinal mais pequeno?

Ficámos aliviados por descobrir que o protão era mais pequeno porque veio dar sentido à investigação e depois ficámos contentes por descobrir uma física nova. E claro que sinto um enorme orgulho em pertencer à equipa que fez esta descoberta.

Ao tornar o protão mais pequeno não sente que lhe retiraram importância?

Não, pelo contrário. Acho que viemos dar uma nova importância a uma das partículas mais estudadas e que é a base de muitos estudos. Provámos que afinal desconhecíamos uma das propriedades mais importantes de uma partícula e que é fundamental para muitas teorias: a sua dimensão.

O objectivo era medir o raio do protão com uma precisão dez vezes superior para provar que a teoria que faz estas medições tinha uma maior precisão. Se provássemos isso podíamos ver que a teoria e os sistemas de medição são mais eficazes.

fonte: DN

Sem comentários:

Enviar um comentário