sábado, 3 de julho de 2010

Cientista inglês acredita ser possível travar envelhecimento


Biologia experimentativa poderá desenvolver métodos para travar ou reverter o envelhecimento dentro de 20 a 30 anos.

Um cientista inglês de 47 anos acredita que é possível travar o envelhecimento. Aubrey De Grey defende que a ciência pode "reparar os danos acumulados no corpo ao longo da vida e tornar as pessoas mais bonitas e com um aspecto mais jovem". Uma teoria que ontem defendeu no Porto, durante o simpósio anual do Programa Graduado em Áreas da Biologia Básica e Aplicada (GABBA) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.

De Grey é o director da fundação Strategies for Engineered Negligible Senescence, na Califórnia, Estados Unidos, onde tem desenvolvido uma pesquisa alargada com o objectivo de encontrar uma cura para o envelhecimento. Segundo explicou ao DN "este rejuvenescimento só é possível com muito trabalho dos jovens e muita investigação".

"A biologia experimentativa necessita de desenvolver métodos para usar células estaminais, terapias limpas e engenharia de tecidos, tudo aquilo que interessa, para reparar os danos moleculares e celulares", salientou o investigador inglês.

De Grey explica que algumas das tecnologias para o fazer já existem, "mas outras ainda estão longe de ser alcançadas". Por isso calcula que são necessárias algumas décadas para que seja possível travar o envelhecimento.

"Dentro de 25 anos teremos 50% de hipóteses de o conseguir fazer", sustenta.

A teoria de Aubrey De Grey - doutorado pela Universidade de Cambridge, onde nunca foi aluno, devido ao seu livro The Mitochondrial Free Radical Theory of Aging - é polémica e tem sido alvo de muitas críticas.

Para dar a conhecer o seu trabalho, o cientista publicou em 2007 o livro "Ending Aging", em parceria com o assistente Michael Rae, onde descrevem com maior detalhe esta teoria. E, em Março de 2009, criou uma organização sem fins lucrativos, a Fundação Strategies for Engineered Negligible Senescence, onde tenta pôr em prática as suas teses.

Graças a este trabalho, o investigador assegura que a contestação à sua teoria tem vindo a mudar nos últimos anos e até assegura que ela se devia ao des- conhecimento do verdadeiro significado da medicina regenerativa. "Com o tempo as pessoas têm vindo a perceber como todos estes campos se combinam e, na verdade, já não me criticam tanto", frisa.

Em termos de conhecimentos e desenvolvimentos tecnológicos, Aubrey De Grey assegura que actualmente já temos alguma da tecnologia necessária para este processo. "Sabemos o que é preciso fazer, mas ainda precisamos de realizar muita investigação para conseguir que o processo possa resultar", referiu ao DN.

Salientando que é necessário investir mais dinheiro neste campo, o cientista inglês assegura que "precisamos que exista investigação e pesquisa ao nível das universidades, mas igualmente de uma maior investigação do sector privado em biotecnologia".

Contudo, o biogerontologista inglês acredita que todos temos um papel decisivo para travar o nosso envelhecimento. "Acima de tudo precisamos que as pessoas coloquem um maior ênfase na geriatria preventiva e que se concentrem em prevenir o seu próprio envelhecimento, em vez de se preocuparem tanto nas doenças e nos seus efeitos", sublinha Aubrey De Grey.


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