sábado, 7 de janeiro de 2012

Voo comercial hipersónico pode se tornar uma realidade?


A nova meta da Agência Espacial Europeia é criar um avião de passageiros hipersónico, que voa mais de cinco vezes mais rápido que a velocidade do som, e seis vezes mais rápido que um avião normal.

Não é a primeira vez que se fala em voo hipersónico. Em 1960, testes foram feitos com o X-15, meio avião, meio míssel, que transportava um piloto e voou por 90 segundos antes de seu combustível acabar.

Seus criadores pensaram que anunciariam uma nova era de aviação civil de alta velocidade, mas mais de 50 anos depois, um avião de passageiros hipersónico ainda não foi testado ou mesmo construído.

Agora, uma equipa liderada pela Agência Espacial Europeia conhecida como Lapcat está trabalhando em um avião chamado A2, que poderia continuar onde o X-15 parou.

A tecnologia deve exceder a velocidade do som – Mach 1, o que é extremamente complexo. “O número Mach é a chave”, diz o especialista em aerodinâmica Paul Bruce. “Quando você vai abaixo de Mach 1, de modo a voar mais lento do que a velocidade do som, e então acima de Mach 1, a física muda. Quando você vai a Mach 5 ou 6, as leis começam a mudar mais uma vez”, explica.

Em velocidades hipersónicas, gases e metais se comportam de forma muito diferente. Motores de avião que trabalham em velocidades subsónicas – cerca de Mach 0,85 ou 913 quilómetros por hora – não funcionam.

Um avião que voa cinco vezes mais rápido que a velocidade do som também precisa de um motor que possa arrancar a velocidades subsónicas, impulsionar para a supersónica e cruzar a uma velocidade hipersónica.

Outro problema é o calor. Quando o ar se move sobre a superfície externa do avião em alta velocidade, o atrito faz com que sua temperatura suba muito rapidamente, a mais de 1.000 graus Celsius, assim, o revestimento do avião tem que ser construído para resistir temperaturas muito altas.

Os engenheiros acreditam que podem superar todos esses problemas, mas isso vai levar décadas. O A2 não é esperado para voar até 2040.

Outro problema a ser resolvido é a demanda por voos mais rápidos: ela existe? Segundo especialistas, a velocidade não é tudo: o conforto e o custo desempenham um papel mais importante. Se você perguntar às pessoas quão rápido as aeronaves voam, elas não teriam a menor ideia, pois não se importam. Mas elas sabem qual são as mais económicas, as mais confortáveis, etc.

A equipa Lapcat diz que o custo do voo hipersónico iria coincidir com viagens executivas actuais, mas os cépticos dizem que isso pressupõe a descoberta de um novo caminho, muito mais barato, para produzir combustível para esse avião supersónico.

Mesmo que o hidrogénio líquido, combustível necessário, se torne disponível e barato, o especialista em aviação John Strickland se pergunta se o voo de alta velocidade vai um dia fazer sentido para o setor aéreo comercial – que, tradicionalmente, subsidia assentos ecómicos com os lucros obtidos na classe executiva.

Até agora, o projeto Lapcat recebeu 24 milhões de reais de financiamento da Comissão Europeia e investidores privados. Em 2013, o financiamento vai acabar e a viabilidade do projeto será revista antes que ele possa continuar.

O coordenador do projeto, Johan Steelant, está confiante de que o conceito A2 dará frutos. “Em 2013, seremos capazes de demonstrar que a tecnologia crítica não é mais um ponto de bloqueio”, diz. “Mas é claro que existem diferentes sistemas e subsistemas que ainda precisam ser provados”.

A Comissão Europeia quer ser uma pioneira, mostrando novos caminhos para a aviação na segunda metade do século.

fonte: HypeScience

Sem comentários:

Enviar um comentário