segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Saiba como um ilustrador científico cria a aparência dos dinossauros


Eles nunca viram um dinossauro andando ou deram de cara com qualquer outro animal pré-histórico. Ainda assim, cabe aos ilustradores científicos dar vida ao que os cientistas descobrem sobre esses animais.

O trabalho é uma mistura de arte e conhecimento académico, que exige, além de talento para ilustrações, uma boa dose de criatividade para criar imagens atraentes para o público leigo e, ainda assim, impecáveis sob a perspectiva científica.

"É um processo muitas vezes longo e cansativo, mas ver o resultado final é muito gratificante", diz Felipe Alves Elias, biólogo e ilustrador.

Para recriar dinossauros e outros animais pré-históricos, os artistas costumam mergulhar nos artigos académicos que descrevem as espécies e seus "parentes".

O PROCESSO

No caso de um animal recém-descoberto, é comum que os investigadores passem um conjunto de informações sobre a espécie, que inclui suas principais características físicas, hábitos alimentares e ambiente em que viveu.

"O ideal é que haja contacto com o fóssil. Ver de perto permite perceber vários detalhes importantes na hora de criar a imagem", diz o ilustrador, que também trabalha no Museu de Zoologia da USP.

Depois, é hora de arregaçar as mangas e fazer os primeiros esboços.

Definir a aparência de criaturas extintas há milhões de anos requer paciência. Ossos fossilizados dão um bom indicativo da estrutura, mas detalhes como cores, pele e penas são mais complexos.

Os cientistas procuram também características de espécies "parentes" dos fósseis. No caso de dinossauros, galinhas e outras aves que podem ter evoluído dos animais pré-históricos dão boas pistas sobre eles.

Nos últimos anos, porém, o avanço de técnicas refinadas está levando o conhecimento sobre algumas espécies, e consequentemente suas concepções artísticas, a um outro patamar.

Quando os fósseis preservam tecidos moles, é possível empregar algumas técnicas que identificam, por meio da composição química, que cor, afinal, o animal tinha. Isso melhora bastante a fidelidade do desenho à criatura real.

Um exemplo recente é o do pequeno dinossauro Anchiornis huxleyi. Em 2010, uma pesquisa usando a nova técnica fez uma verdadeira cirurgia plástica em sua "foto oficial" (ver quadro acima), que o deixou menos com cara de frango e mais com jeito de pica-pau.

Ser formado na área científica é um diferencial, mas não é obrigatório. Muitos artistas consagrados na ilustração científica são formados em artes, computação e outras profissões.

"Como biólogo e investigador da área de paleobiologia, acho que o resultado final fica mais preciso", avalia Elias.

"No Brasil não há cursos de longos específicos de arte paleontológica. Muito se aprende na prática e no contacto com outros artistas."

fonte: Folha.com

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