segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Cientista chinês diz ter criado primeiros bebés geneticamente modificados


Imagem retirada do vídeo publicado no Youtube pela AP  © DR

Cientista da SUSTech, uma universidade chinesa, anuncia ter feito alteração genética em embriões para os dotar de resistência à infeção pelo vírus HIV, uma característica que raramente acontece naturalmente.

A novidade, avançada em exclusivo pela agência de notícias AP, ainda não foi verificada por investigadores externos. No entanto já está a gerar muita polémica: He Jiankui, cientista da Southern University of Science and Technology (SUSTech), da China, acaba de anunciar a primeira "edição" genética de seres humanos levada a cabo com sucesso. Em causa estão duas gémeas cujo ADN terá sido manipulado de forma a que estas tivessem resistência inata à infeção pelo vírus HIV, uma mutação genética que se estima ocorrer naturalmente em menos de 1% da população mundial.


A resistência ao HIV deve-se a uma mutação do gene CCR5, que funciona como um co-receptor do vírus. A alteração genética em causa, que foi observada pela primeira vez no norte-americano Stephen Chron, na década de 1990, é conhecida por Delta 32, e traduz-se na eliminação de parte do gene, afetando a sua funcionalidade.

É este processo que Jiankui diz ter replicado em laboratório, recorrendo a uma nova ferramenta chamada CRISPR-cas9. No total, o cientista terá "tratado" os embriões de um total de sete casais, em tratamentos de fertilidade, sendo estas gémeas os primeiros bebés resultantes da experiência.

Em declarações à AP, o investigador assumiu os riscos de ser o primeiro a manipular geneticamente embriões humanos, reconhecendo que se o processo "não for seguro" as pessoas poderão "perder a confiança" nesta tecnologia. "Sinto uma forte responsabilidade, não apenas de fazer os primeiros mas também de os fazer como um exemplo".

Mas as implicações deste procedimento vão muito para além da sua eficácia imediata. Enquanto alguns investigadores defendem este passo, até por se destinar a combater uma doença que continua a ser um grave problema a nível mundial, outros advertem que a tecnologia ainda é demasiado recente para ser utilizada, desconhecendo-se que outras implicações a manipulação deste - ou de outros genes - poderão ter para o futuro dos pacientes e da própria humanidade. Outro receio é que este primeiro passo abra caminho a outras utilizações menos nobres da manipulação genética, como a criação de seres humanos com características melhoradas em relação ao resto da população.

Até agora, a tecnologia CRISPR-cas9 só tinha sido usada em indivíduos adultos, como uma ferramenta experimental para combater doenças terminais e incapacitantes.


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