quarta-feira, 10 de maio de 2017

Descobertas sepulturas dos primeiros colonos do Neolítico na Península Ibérica

Os trabalhos de escavação arqueológica na gruta espanhola

Os trabalhos de escavação arqueológica na gruta espanhola M. SANZ/J. DAURA

Junto aos ossos encontrados numa gruta espanhola havia restos de animais, como ovelhas e cabras.

Os restos de seis pessoas, pertencentes aos primeiros colonos do período Neolítico, foram encontrados juntamente com objectos domésticos e animais no depósito arqueológico da Gruta Bonica, em Espanha – divulgou esta terça-feira, em comunicado, a Universidade Universidade Complutense de Madrid (UCM).

Uma investigação conjunta daquela universidade e da Universidade de Barcelona, entre outras, permitiu identificar 98 ossos humanos, que correspondem a um mínimo de seis indivíduos de diferentes idades, desde os três aos 35 anos, e que incluem pelo menos duas mulheres.

“É relevante que em menos de dois metros quadrados tenhamos encontrado tantos restos humanos”, disse a investigadora Montserrat Sanz, do Departamento de Paleontologia da UCM. A partir de um estudo do ADN do dente de uma destas mulheres do Neolítico, os investigadores confirmaram dados que já conheciam, como a intolerância destas populações à lactose e terem “a pele clara, os olhos castanhos e o cabelo escuro”.

Os primeiros agricultores da Península Ibérica – entre os quais se encontram os restos descobertos – chegaram à região há 7400 anos, de acordo com o comunicado da UCM sobre os trabalhos desenvolvidos entre 2008 e 2015, e cujos resultados foram publicados na revista Journal of Field Archaeology.

“A singularidade deste acontecimento é que foram encontrados restos humanos com objectos domésticos”, disse Montserrat Sanz. “Isto permite-nos relacionar a cultura material com algumas práticas agrícolas desta população.”

Junto aos restos humanos, encontrados em Vallirana, na região de Barcelona, apareceram também vestígios de animais, principalmente cabras e ovelhas, e ornamentos, assim como ferramentas de pedra de sílex e cristal de quartzo. E, ainda, fragmentos de cerâmica “dos mais antigos documentados na Península Ibérica”.

“Esta descoberta fornece novos dados sobre como eram os rituais de enterramento dos cadáveres e trata-se da primeira prova de inumações colectivas”, refere nota de imprensa. “Observamos que as práticas funerárias são muito heterogéneas, ainda que seja frequente encontrar restos desarticulados junto a objectos domésticos, possivelmente porque os corpos foram depositados em covas sem enterramento ou foram removidos”, disse Montserrat Sanz.

A arqueóloga considerou a escavação como “muito complicada” porque foi difícil chegar aos restos neolíticos devido aos diferentes usos que teve a gruta ao longo dos séculos, entre eles, uma pedreira, uma mina e uma área de cultivo de cogumelos. 

fonte: Público

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