Não é um bebé com duas cabeças. São duas cabeças, duas pessoas num só corpo. Os meninos, ligados pelo mesmo corpo para o resto das suas vidas, nasceram segunda-feira no Brasil e o caso, diz o cirurgião pediátrico Gentil Martins, "não tem solução".
São casos muito raros e sem solução. Jesus e Emanuel, nascidos de Maria de Nazaré, no Interior do Brasil, viverão assim o resto da vida e uma vida longa, "desde que não haja nenhuma outra malformação e desde que tenham as condições normais para crescer", avançou o cirurgião pediátrico Gentil Martins.
"O caso é completamente irresolúvel. Basicamente, são duas cabeças, dois cérebros, ou seja, intelectualmente, são duas pessoas autónomas. E a Medicina não poderia matar a cabeça do lado direito ou matar a cabeça do lado esquerdo, seria como matar uma pessoa", continuou o cirurgião.
Maria de Nazaré, 23 anos, deu entrada no Hospital de Anajás, na Ilha de Marajó, a 639 quilómetros de Belém, capital do Pará, na passada segunda-feira, para dar à luz o terceiro filho. Não fazia ideia que teria não um, mas dois meninos, e muito menos que teriam o mesmo corpo.
Esta mãe, de 23 anos, fez o acompanhamento pré-natal, mas não realizou qualquer ecografia durante a gestação, revelou já o médico obstetra que fez o parto de Maria Nazaré.
No dia em que deu entrada no hospital, a equipa médica identificou por meio de ultra-som que se tratava de dois bebés com um só corpo. Imediatamente accionaram as condições para uma cesariana, que durou cerca de uma hora (um pouco mais do que o habitual) porque o corpo dos meninos estava sentado.
Apesar das dificuldades decorrentes da situação e das próprias limitações daquele hospital do Interior, o procedimento cirúrgico não teve complicações e a mãe dos meninos ficou bem.
Vista aérea de Timbo, localidade de Maria de Nazaré, a mãe dos gémeos siameses
Casos de siameses são raros
Os casos de bebés siameses são muito raros. Destes, os mais comuns são os que nascem unidos pela barriga. "Nessas situações, pode operar-se e a probabilidade de ficarem absolutamente normais é grande. À parte de uma cicatriz na barriga, esses bebés terão vidas normais", afirmou Gentil Martins que já operou três casos e todos com sucesso.
Os casos mais raros são também os irresolúveis. Nestes estão as crianças que nascem unidas pelo mesmo coração, sendo "completamente impossível operar" e os que nascem com um só corpo, "pela mesma razão", explicou o médico.
"Às vezes acontece nascerem com duas cabeças e dois troncos, unidos a partir da cintura. Assim, como nasceram estes é mesmo muito raro. Mas não há o direito de optar por um ou pelo outro. Não há nada a fazer. E desde que não tenham qualquer outra malformação, podem viver muito tempo", reiterou.
fonte: JN
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