segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Tecnológicas portuguesas procuram o 'sonho americano'


Cinco jovens empresas tecnológicas portuguesas, que se dedicam a segurança informática ou plataformas médicas nanotecnológicas, vão tentar o "sonho americano" em 2012, numa primeira abordagem ao mercado dos Estados Unidos e também abrindo caminho à internacionalização.

Dognaedis, Wizi, ObservIT, Feedzai e TreatU foram escolhidas para o projecto piloto "Empreendedorismo em Residência" da Universidade Carnegie Mellon (CMU), entre mais de 30 "start-up" portuguesas contactadas este ano em todo o país pelos empreendedores e professores universitários Barbara Carryer e Dave Mawhinney.

Premiada na semana passada no concurso BES Inovação, a Dognaedis é uma 'spin-off' da Universidade de Coimbra e da equipa de segurança informática do Instituto Pedro Nunes (CERT-IPN), tendo arrancado em Julho de 2010, que agora enfrenta "o grande desafio que é a internacionalização", segundo Mário Zenha-Rela.

"As nossas expectativas são conseguir mostrar que temos valor -- e quem vence nos USA vence no mundo -- pelo que daí estaremos prontos para entrar noutros mercados internacionais", disse à Lusa o responsável da Dognaedis.

O "produto" é segurança de informação: a identificação preliminar de problemas, auditoria, consultoria e monitorização em permanência da infraestrutura de clientes.

As cinco empresas virão a Pittsburgh em Fevereiro para um evento onde poderão contactar potenciais clientes, parceiros e investidores.

Mais antiga é a Observit, de Bernardo Motta, que desenvolveu o único software de gestão de vídeo vocacionado para centros comerciais, a aposta inicial no mercado norte-americano.

"A nossa expectativa é em Pittsburgh concretizar um primeiro negócio nos EUA. Queremos vender a uma empresa gestora de shoppings um projecto-piloto de remodelação do CCTV, para darmos início ao nosso portefólio de projectos norte-americanos, condição para abordarmos potenciais parceiros e investidores", disse Motta.

João Januário, cuja Feedzai desenvolve software para processamento de grandes volumes de informação, tendo como clientes grandes empresas de "Utilities", telecomunicações ou banca, sublinha que "é muito difícil a uma 'start-up' portuguesa conseguir atrair a atenção de uma empresa europeia ou americana" e espera uma "incisiva abordagem ao mercado norte-americano".

"Teremos a oportunidade de fazer um `roadshow" para potenciais clientes, parceiros e investidores em auditório e em reuniões um a um. Existe um real envolvimento da CMU em reunir neste evento algumas empresas americanas que a FeedZai considera poderem ser futuros clientes ou parceiros", disse Januário à Lusa, cuja empresa tem como investidores a EDP Ventures, Espírito Santo Ventures ou Novabase Capital.

Fundada por três profissionais de desenvolvimento terapêutico, a TreatU desenvolveu uma plataforma para administração de medicamentos direccionada para doentes oncológicos, que reduz efeitos secundários adversos e custos de tratamento.

Com base em nanotecnologia, a TreatU encontrou como "maior obstáculo" em Portugal "a limitação do investimento de Venture Capitals e Business Angels na área de desenvolvimento farmacêutico", e procura investidores fora do país, "criando oportunidades de penetração no mercado global das terapias dirigidas em oncologia", disse à Lusa Vera Moura.

A primeira plataforma deve estar pronta para licenciamento à indústria farmacêutica em apenas 4 anos, "com um investimento de 4 a 5 milhões de euros e um retorno de até 5 vezes", adiantou.

A Wizi, de Paulo Dimas, nasceu no Instituto Superior Técnico, e em 8 anos ganhou o investimento do Fundo ISQ Capital e Inovcapital e desenvolveu três produtos baseados em tecnologia de geo-localização, dois deles já lançados pela Optimus e Vodafone.

O trabalho com a CMU tem sido na definição da estratégia de internacionalização e posicionamento no mercado norte-americano, o "mais competitivo do mundo neste domínio" e para o qual a empresa está agora "muito mais bem preparada para atacar".

"E pensar no mercado americano obriga-nos a ser os melhores e daí podemos conquistar o resto do mundo", diz Paulo Dimas.

fonte: DN

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