Representação dos planetas agora encontrados
É o destino reservado à Terra: um dia o Sol vai expandir-se e engolir-nos. Estima-se que isso só vá acontecer daqui a 5000 milhões de anos, quando o hidrogénio da nossa estrela for consumido totalmente e ela inchar até para lá de Marte, transformando-se numa gigante vermelha.
Não se sabe ao certo o que restará do Sistema Solar, mas num longínquo sistema a 3900 anos-luz de distância, este fenómeno brutal já se passou. Hoje existem dois planetas que giram pertíssimo do que resta de uma gigante vermelha. Antes, terão sido engolidos pelo astro, mas sobreviveram — algo que nunca tinha sido observado, explica um artigo publicado na edição online desta quarta-feira da revista Nature.
Os dois planetas, KOI 55.01 e KOI 55.02, estarão a menos de um centésimo da distância da Terra ao Sol, em relação à sua estrela — a KIC 05807616 —, e completam uma órbita a cada 5,8 e 8,2 horas. Os autores defendem que os objectos que hoje podem ser mais pequenos que a Terra são o que resta de antigos planetas gigantes.
“Quando o nosso Sol inchar para se tornar uma gigante vermelha, engolirá a Terra”, disse Elizabeth Green, uma das astrofísicas que integram o estudo e que pertence à Universidade do Arizona (EUA). “Se um planeta pequenino como a Terra passar mil milhões de anos num ambiente daqueles, vai simplesmente evaporar-se. Somente planetas com uma massa muito superior à da Terra, como Júpiter ou Saturno, é que poderão sobreviver”, explicou em comunicado.
Provavelmente, os investigadores encontraram o núcleo de antigos planetas gasosos. Seria o equivalente a arrancar a atmosfera, a crosta e o manto da Terra, ficando apenas o núcleo metálico.
A descoberta dos dois planetas foi feita graças ao telescópio espacial Kepler, mas de uma forma inesperada. A equipa, que também integra investigadores da Universidade de Toulouse, em França e da Universidade de Montreal, no Canadá, utilizaram o instrumento para medir as alterações de brilho da KIC 05807616.
A estrela sub-anã b deixou de ser uma gigante vermelha há cerca de 18 milhões de anos, porque perdeu para o espaço o material da coroa e ficou só com o núcleo interno muitíssimo quente. Devido às suas características físicas, a estrela mantém uma espécie de respiração ou pulsar, que é observado pelos cientistas como variações de brilho.
Os cientistas utilizaram o Kepler para observar estas variações, mas encontraram diminuições cíclicas na emissão de luz da estrela que indicaram a existência dos dois astros.
A observação acabou por mostrar outro fenómeno que nunca tinha sido documentado. “À medida que a estrela engole o planeta, este tem de abrir caminho através da sua atmosfera quente e isso causa fricção, provocando um movimento em espiral. Ao fazer isso, o planeta ajuda a arrancar a atmosfera da estrela para fora”, disse Green. Os autores defendem que isto é uma prova de que um planeta também pode influenciar a evolução da sua estrela.
fonte: Público
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