Nicole, à esquerda, nasceu rapaz e com o nome Wyatt, mas desde os quatro anos que descobriu ser uma rapariga presa num corpo masculino ©Boston Globe
Gémeos idênticos tomaram rumos distintos, será uma forma demasiado simples para explicar o caso que está a captar as atenções nos EUA. Jonas e Wyatt nasceram rapazes, mas, por dentro, apenas o primeiro se mantém como tal. Aos quatro anos de idade, Wyatt quis adoptar o seu interior feminino e, desde então, tem crescido como uma rapariga chamada Nicole.
A prematura escolha de Nicole mudou o seio da família. Wayne e Kelly Maines, pais dos gémeos, acolheram a sua prematura decisão com espanto e choque. Com apenas quatro anos, uma pergunta colocada por Wyatt à sua mãe começou a mudar o rumo da vida de toda a família.
«Quando é que posso ser uma rapariga?», questionou. Por essa altura, já Wyatt preferia barbies e princesas aos brinquedos masculinos com os quais o seu irmão, Jonas, se maravilhava. Hoje, e já Nicole, com 13 anos, explica o que sente. «Sempre soube que era uma rapariga», garante, antes de vincar: «O pensamento de ser um rapaz mete-me medo».
Assim, os anos escreveram que os gémeos idênticos passassem a gémeos transgénicos. Hoje, Nicole mede cerca de 155 cm e pesa 45 kg, enquanto que o seu irmão Jonas chegas aos 156 cm de altura e aos 56 kg. Apesar de conterem a mesma sequência genética de ADN, os seus organismos desviaram-se através dos seus sistemas de identificação genética.
A mudança foi acolhida com naturalidade pelos irmãos, os seus pais admitem o espanto e confusão que inicialmente pautou as suas reacções. Porém, hoje em dia, os pais admitem que cedo perceberam que tinham de apoiar os seus filhos.
«Dizíamos para manterem as cabeças levantadas, terem orgulho e olharem um pelo outro», explicou o pai, Wayne Maines, antes de revelar que hoje «tem orgulho pois [os filhos] nunca esqueceram essa lição».
A família contou ao Boston Globe que ambos os gémeos começaram a ser alvos de bullying, algo que se intensificou quando estavam no quinto ano de escolaridade. A situação chegou mesmo a obrigar a que Nicole passasse a ser acompanhada por um funcionário da escola sempre que tivesse que ir à casa-de-banho.
Entretanto, a família teve que se mudar para outra cidade, antes de decidir contar a sua história à imprensa, para que «as pessoas compreendem os problemas os desafios com que [este tipo] de famílias lidam em casa, no trabalho e nas suas comunidades».
A decisão de divulgar o seu caso poderá reforçar algo que um estudo do Centro para a Igualdade Transgénica (CIT) norte-americano já alertou. Um inquérito realizado concluiu que uma pessoa transgénica é alvo de discriminação «em quase todos os sistemas e instituições» do país.
O apoio que os pais prestam tanto a Nicole como a Jonas ganha maior relevância tendo em contra o Projecto de Aceitação Familiar, da universidade de São Francisco. Um estudo publicado pela instituição revelou que os jovens transgénicos representam um elevado risco de desenvolver estados de depressão, abuso de drogas ou SIDA, principalmente devido às dificuldades sociais que enfrentam durante o seu crescimento.
fonte: Sol
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