Madeline e Rumaisa nasceram com 13 anos de intervalo. Cada uma no seu tempo foi notícia como o bebé mais pequeno do Mundo. À nascença, pesavam ambas menos de 300 gramas e tinham o tamanho a um telemóvel. Sobreviveram. A mais velha tem 20 anos, a mais nova sete.
Separados por 13 anos, os partos de Madeline e Rumaisa foram notícia à época de cada uma. A primeira nasceu em 1989; a segunda em 2004. Contra todas as expectativas, sobreviveram e, hoje, têm vidas normais, conta a edição de Dezembro da revista "Pediatrics".
Em 1989, quando nasceu, Madeline foi "etiquetada" como o bebé mais pequeno do Mundo a sobreviver. Pesava 280 gramas e nasceu de cesariana ao fim de apenas 26 semanas de gestação, que pode chegar às 42 semanas.
A mãe sofria de pre-eclampsia, uma complicação gestacional que provoca hipertensão arterial e punha em risco a vida de parturiente e bebé, e os médicos optaram por uma cesariana.
Madeline era do tamanho de um telemóvel e poucos lhe auguravam um futuro. Tinha 112 dias de "vida" no hospital, sempre em cuidados, quando teve alta e nasceu de vez. Pesava quase dois quilogramas.
Rumaisa, 13 anos depois, bateu todos os recordes. Nasceu em 2004, com apenas 260 gramas de peso. A mãe sofria de várias complicações e os médicos optaram por fazer a cesariana às 25 semanas de gestação. Passou vários meses na incubadora, mas ao fim de 142 dias, já com 2,300 quilogramas de peso, teve alta hospitalar.
Nasceram, sobreviveram e foram esquecidas pelos meios de comunicação. "A sobrevivência dos bebés que nascem com menos de 400 gramas atrai a tenção mediática, mas depois não há um seguimento do acompanhamento médico e do crescimento posterior", comentam, para a revista, os especialistas da Loyola University Medical Center (Illinois, EUA).
Escorados nesta premissa, os investigadores decidiram abrir o livro das vidas destas duas bebés, recordistas da sobrevivência humana. Segundo os dados citados pela "Pediatrics", aos três anos apresentavam ambas capacidade motoras e linguísticas adequadas à idade.
E assim seguiram, dentro dos parâmetros, até aos dias de hoje. Madeline tem 20 anos e é uma brilhante estudante de psicologia. Rumaisa tem sete anos e assiste às aulas com alunos da mesma idade, apesar de ter um plano pedagógico individualizado. Segundo a revista, ambas têm um peso e uma estatura inferior à média.
A história feliz destas duas crianças ajuda a compreender melhor a evolução dos prematuros. Mas "não são necessariamente os dados típicos", alertam os especialistas. Ambas nasceram com pouco peso para a idade gestacional, devido às doenças das mães, mas mais do que os gramas na balança, pesaram mais as semanas na barriga maternal para ajudar à sobrevivência.
A ciência deu uma grande ajuda, antes e depois do parto. Primeiro, com um tratamento especial para potenciar as hipóteses de sobrevivência; depois, com os cuidados pós-natais de que beneficiaram, ambas nascidas nos EUA, e que são comuns à generalidade dos países desenvolvidos.
"Uma comparação directa entre estes dois casos e outros prematuros poderia proporcionar falsas expectativas às famílias, aos profissionais de saúde e a toda a comunidade médica", assinalam os especialistas.
Enaltecendo o avanço científico que permitiu estes, e muitos outros pequenos milagres, os investigadores consideram que deve ser aberto o debate sobre os parâmetros que avaliam a viabilidade de um feto.
fonte: JN
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