quinta-feira, 21 de abril de 2011

Top secret. A CIA julgava que era a única a saber fazer tinta invisível


Cientista diz que a CIA tem uma política ?irracional? de divulgação da informação

São os mais antigos documentos que a agência mantinha em segredo e apesar de obsoletos só agora, cem anos depois, foram desclassificados.

Em Novembro de 2010, um CD marcado como tendo músicas de Lady Gaga transportou mais de 250 mil telegramas do Departamento de Estado norte-americano e deu origem à maior fuga de informação da história. Há quase um século, a transmissão secreta de mensagens e documentos envolvia métodos bem mais imaginativos - como gravar mensagens com um estilete em folhas de plantas decorativas ou escrever atrás de selos vermelhos com tinta cor de laranja.

A CIA tornou públicos, na terça-feira, seis documentos datados de 1917 e 1918, onde são explicados os métodos utilizados por espiões, altas patentes ou diplomatas para passar mensagens durante a Primeira Guerra Mundial sem o conhecimento do inimigo. Algumas das técnicas são utilizadas desde a antiguidade e outras, embora mais modernas, são já sobejamente conhecidas - quem nunca, durante a infância, experimentou enviar mensagens secretas escritas com sumo de limão atire a primeira pedra. Claro que o cheiro a limonada num documento seria suspeito, mas algumas das receitas para produzir tinta invisível são tão rebuscadas que permaneceram desconhecidas até agora.

A agência secreta norte-americana, que em 2002 negou um pedido para divulgar esta informação, justificou-se agora com os avanços tecnológicos para desclassificar os documentos. A porta-voz da CIA, Marie E. Harf, explicou ao "The Washington Post" que "os avanços da química na tinta secreta e os métodos de uso de luz para a detectar tornaram os segredos revelados na terça-feira obsoletos". Leon Panetta, director dos serviços secretos norte-americanos, refere, no comunicado que acompanha os documentos: "Quando a informação histórica deixa de ser sensível levamos a sério a responsabilidade de a partilhar com o povo americano."

Já Steve Aftergood, da Federação de Cientistas Americanos, deu ao "The Washington Post" uma explicação mais política do que científica. "A tinta invisível foi ultrapassada pela encriptação digital há muito tempo, não apenas nos últimos anos", disse. Logo depois da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha surgiu com a Enigma, uma máquina de encriptação por electromagnetismo. Aftergood considera que Panetta está a tentar "tornar racionais as políticas irracionais de informação da CIA".

Grande parte dos métodos revelados refere-se a formas de descobrir "tinta invisível" dignas de um filme de espiões a preto-e-branco, mas outros explicam coisas que toda a gente queria saber e ainda não descobrira, por exemplo, como abrir um envelope lacrado. Ou transportar os ingredientes para a tinta invisível de um lugar para outro sem haver o risco de perder a fórmula caso o mensageiro fosse capturado. Esta consistia em encharcar um lenço de tecido numa solução de amido, nitrato e soda e deixar secar. Já em segurança no destinatário, o mesmo lenço era demolhado e o líquido resultante ia depois encher as canetas com que eram escritas as mensagens secretas entre os aliados.

fonte: Jornal i

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