Os moradores da província receberam ordens do Governo para não entrarem na zona de exclusão em redor da central
Nos primeiros dias de Abril, a central nuclear de Fukushima lançou para o oceano 520 toneladas de água com níveis de radioactividade 20 mil vezes acima do limite anual permitido, revelou hoje a empresa Tepco.
A água lançada ao mar, de 1 a 6 de Abril, continha 5000 terabecquerels de substâncias radioactivas - como o iodo-131, césio-134 e o césio-137 -, noticia hoje a agência de notícias japonesa Kyodo. Esta foi a primeira vez que a operadora da central nuclear revelou a quantidade de material radioactivo lançado para o oceano Pacífico, por causa de uma fuga que a Tepco levou uma semana para conseguir estancar. Dias depois, as autoridades da Coreia do Sul davam conta da sua preocupação ao Japão.
Os peritos estimam que a crise nuclear em Fukushima, causada pelo sismo e tsunami de 11 de Março, levou à libertação para a atmosfera de 370 mil a 630 mil terabecquerels de substâncias radioactivas. Estes números foram revelados pelas autoridades japonesas quando o país decidiu elevar para 7 o nível de catástrofe nuclear, o mesmo do acidente de Tchernobil, em 1986.
Entretanto, no interior da central nuclear continuam os esforços para tentar estabilizar os reactores. Esta terça-feira, os funcionários começaram a remover água altamente radioactiva que se tem acumulado no complexo, transferindo-a para uma unidade de tratamento de resíduos radioactivos com capacidade para 30 mil toneladas. A operação pretende evitar que esta água chegue ao mar e que os funcionários possam trabalhar na central em segurança.
De volta a Fukushima
Mas os efeitos da mais grave crise nuclear do Japão não se ficam por aqui. Os cerca de 80 mil moradores da província de Fukushima receberam ordens do Governo de Tóquio para, a partir da meia-noite de hoje, não entrarem na zona de exclusão estabelecida a 20 quilómetros da central nuclear. Com a medida, o Governo pretende evitar a exposição das pessoas à radioactividade e saques.
Ainda assim, o Governo afirmou que autoriza alguns dos residentes naquela área a regressar a cada, por um período de apenas duas horas, para tentar recuperar alguns bens que terão deixado para trás. Por isso, segundo conta a revista "Time", uma multidão de desalojados aventuraram-se hoje a regressar temporariamente às suas casas, alguns com fatos brancos protectores, outros com máscaras na cara para se protegerem da radioactividade.
"Esta é a nossa última oportunidade, mas não nos vamos demorar. Só viemos buscar aquilo de que precisamos e vamos embora", contou à revista Kiyoshi Kitajima, um funcionário do Hospital em Futaba, cidade vizinha da central nuclear, que regressou àquela unidade médica para recolher algum equipamento.
fonte: Público
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