Pela primeira vez um estudo demonstra efeitos da redução das populações
Há crescentes provas de um declínio nas populações de abelhas e os cientistas pensam que isso terá um efeito negativo na agricultura, mas pela primeira vez foi publicado um estudo que demonstra uma quebra na polinização produzida pelas abelhas. As consequências são potencialmente catastróficas na produção de alimentos, mas o estudo complica a questão, ao sugerir que as alterações climáticas podem ser uma causa secundária.
As abelhas são dos insectos mais activos na polinização das plantas. A polinização por insectos ocorre quando os animais, ao tocarem nos estames das flores, carregam consigo as células reprodutoras masculinas (pólen) que depositam no receptor feminino, estigma, de outra flor. Ora, com o declínio das populações de abelhas, constatado em muitos locais, é natural que ocorra uma diminuição da polinização e, portanto, na produção agrícola. Isto preocupa muitos cientistas, já que tem consequências na produtividade dos campos e poderá dificultar a alimentação da humanidade.
Faltavam as provas científicas deste efeito. O estudo de James Thompson, do Departamento de Ecologia da Universidade canadiana de Toronto, tem por isso grande importância, por ser o primeiro que analisa a questão a médio prazo e que inclui resultados de longos ensaios de campo.
Durante 17 anos, os cientistas mediram a polinização na flora selvagem de uma zona nas Montanhas Rochosas, no Colorado, EUA. Compraram até os terrenos, para garantir que não haveria interferência humana externa nestes ensaios.
Os declínios na polinização das abelhas verificaram-se ao longo dos anos, mas também no início de cada temporada, o que os cientistas explicam com o crescente desfasamento entre o ciclo das plantas e o fim da hibernação das abelhas daquela região. Foram realizados ensaios de controlo em que as plantas eram polinizadas pelos cientistas. O declínio das abelhas e também da polinização foi aumentando ao longo do tempo.
Por outro lado, os cientistas pensam que as alterações climáticas causaram o desfasamento entre a data do fim da hibernação e a abertura das flores. Em conclusão, a polinização tornou--se vulnerável a pequenas alterações, mesmo num ambiente relativamente livre de intervenção humana.
Entretanto, surgiu outra informação preocupante sobre o estado das populações de insectos polinizadores. Ontem, foi também divulgada a conclusão de um estudo britânico, segundo o qual a população de abelhões no Reino Unido está à beira da extinção.
Estes insectos tornaram-se tão escassos que se reproduzem em linhas geneticamente aparentadas, tornando-se mais susceptíveis a infecções por parasitas. Vulneráveis a doenças, estes insectos ficam em risco de extinção, afirmam os cientistas da Universidade de Stirling.
No Reino Unido, há ainda 24 espécies diferentes de abelhões, das quais pelo menos um quarto em grandes dificuldades de sobrevivência. Nas últimas décadas, desapareceram pelo menos duas espécies de abelhões no Reino Unido.
fonte: Diário de Noticias
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