Eburobrittium
Eburobrittium
Associação Nacional de Farmácias financiou trabalhos, mas cortou apoios e alega que as farmácias estão sem dinheiro desde que o Governo mexeu nas leis.
Os trabalhos arqueológicos na cidade romana de Eburobrittium que se realizavam todos os verões, estão parados desde 2006, porque caducou um protocolo entre a Câmara de Óbidos e a Associação Nacional de Farmácias (ANF) ao abrigo do qual esta última - que também é proprietária do terreno - financiava o projecto.
As polémicas legislativas que têm envolvido o sector das farmácias levaram a que a ANF se tornasse menos generosa, como reconhece o seu secretário-geral, Paulo Duarte. "Deixámos de ter condições para manter isso. Antes olhávamos para estas questões culturais de uma forma diferente. O dia-a-dia das farmácias era mais estável, mas, com esta revolução que houve no sector, tivemos de deixar de nos dedicar a estas coisas", disse, em alusão à guerra entre o Governo e a ANF. A associação diz-se, porém, disponível para continuar a ceder o seu terreno, a fim de nele prosseguirem as escavações.
Em 2001, quando foi assinado um protocolo entre a ANF e o município de Óbidos, então presidido pelo socialista Pereira Júnior, a primeira prometia financiar as escavações com 2500 contos por ano (cerca de 12.500 euros) e a autarquia respondia por toda a parte logística do projecto. Mas o protocolo caducou há quatro anos.
Há duas semanas, a câmara, agora liderado por Telmo Faria (PSD), reuniu com a ANF e o arqueólogo Beleza Moreira, responsável científico das escavações, para tentar relançar os trabalhos, na qual ficou decidido procurar também o apoio do Igespar e da Direcção Regional de Cultura de Lisboa e Vale do Tejo. "Continuamos sem escavações, não podemos ir à descoberta de parte da cidade, que é uma coisa que tem impacto em termos culturais e turísticos", queixa-se o arqueólogo Beleza Moreira.
Onde fica Eburobrittium?
Eburobrittium é uma cidade romana referenciada por Plínio-o-Velho, escritor romano do século I, entre Leiria (Collipo) e Lisboa (Olisipo) e que foi descoberta em 1994 durante a construção da A8. No ano seguinte descobriu-se o Fórum e parte das termas, mas o que está à vista é apenas uma pequena parte da cidade. "Todos os anos tínhamos conseguido tirar partes da cidade a descoberto, mas sem as escavações não é possível", acrescenta.
A ANF possui terrenos em Óbidos porque pretende ali construir a Casa do Farmacêutico, um empreendimento originalmente pensado com funções sociais, destinado aos associados seniores, mas que foi entretanto reavaliado para conter também uma vertente turística. A ideia é juntar uma casa de repouso, um estabelecimento hoteleiro, picadeiro, campo de golfe e também piscinas e spa, tendo em conta as águas termais que dali brotam (e que terão sido bem aproveitadas pelos romanos de Eburobrittium, segundo os vestígios de umas termas ali encontrados).
"Não estamos propriamente a avançar, porque, à luz da política de medicamentos deste Governo, suspendemos o projecto", explica Paulo Duarte. A associação procura agora um parceiro da área da saúde ou da hotelaria para ajudar a abrir o empreendimento ao exterior e dinamizar a componente do golfe, termas e turismo rural.
fonte: Público
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