Um estudo científico revelou detalhes interessantes sobre o dólmen de Soto, um complexo megalítico subterrâneo localizado na cidade espanhola de Trigueros.
O uso de tecnologias atuais permitiu expandir consideravelmente o que se sabia sobre este monumento pré-histórico, que os especialistas têm comparado com o famoso Stonehenge.
De acordo com os resultados deste trabalho, recolhidos no livro “Símbolos da morte na pré-história recente no sul da Europa, o dólmen de Soto”, este imponente recinto megalítico é coberto por um grande monte com cerca de 60 metros de diâmetro e delimitado circularmente por um conjunto de grandes pedras.
Além disso, uma galeria composta por 63 suportes de pedra penetra no espaço da circunferência ao centro, sob o peso de outras 30 enormes lajes, criando uma passagem com mais de 21 metros de comprimento e três de largura. Ambos os pilares e as lajes do telhado são rochas de arenito, ardósia e calcário.
Um dos detalhes que mais interessam aos investigadores é a antiguidade da simbologia profusa encontrada na superfície das pedras – todas pintadas, esculpidas ou gravadas -, estimada em cerca de seis mil anos. Mais de 60 figuras representam pessoas que carregam diversos objetos, frequentemente bastões, punhais e machados, entre outros.
Este valioso monumento pré-histórico, descoberto em 1923, tem sido objeto de numerosos estudos arqueológicos, mas nunca antes se teve uma ideia exata das suas dimensões confirmadas ou de sua datação precisa.
A orientação do corredor de acesso ao dólmen, de leste a oeste, permite assistir a um fenómeno solar que para os habitantes do Neolítico, bons conhecedores de ciclos naturais, constituiu um ritual carregado de simbolismo: os primeiros raios de luz do equinócio da primavera e outono é projetado através da galeria de 21 metros e ilumina a última laje por alguns minutos.
Nas comunidades neolíticas, era comum a crença de que a luz da manhã purificava e poderia ressuscitar os mortos, muitas vezes enterrados em construções funerárias em forma de dolméns.
O dólmen de Soto foi descoberto pelo marquês Armando de Soto há 95 anos, quando um pedreiro que trabalhava para ele comentou sobre a descoberta de enormes pedras no ponto próximo do Zancarrón. Intrigado com a descoberta, o Marquês encomendou escavações e, pouco depois, relatou as investigações à Royal Academy of History.
O valor patrimonial foi reconhecido em 1931, quando foi declarado monumento nacional, mas só desde 2004 é que o governo regional da Andaluzia começou a investir recursos na documentação, investigação e valorização do monumento, cuja abertura parcial ao público é consumado em 2013
O dólmen de Soto faz parte de um grupo de mais de 200 megalíticos que foram construídos no que hoje é a província de Huelva entre o Neolítico e a Idade do Bronze.
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