sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Na Indonésia há um povo que trata os mortos como vivos. A história dos habitantes de Tana Toraja





Na Indonésia há um povo que trata os mortos como vivos. A história dos habitantes de Tana Toraja

Os habitantes da região montanhosa de Tana Toraja, na Indonésia, acreditam que os espíritos das pessoas mortas estão presentes, para sempre, nas casas e nas vidas dos seus entequeridos. As características e rituais especiais daquele povo motivaram o fotojornalista Claudio Sieber a realizar uma reportagem fotográfica sobre a povoação. 

Para aquele povo, a morte é o momento mais importante da vida. A pele e a carne dos mortos começa a ser tratada, logo após partirem, com uma solução de água e formaldeído. São tratados como pessoas doentes, nunca como mortos. Comem, bebem e fumam várias vezes por dia. As roupas também são trocadas regularmente. 

Mesmo após serem enterrados, é comum voltarem a ser removidos para tomarem banho, serem vestidos novamente e comerem os seus alimentos favoritos. O forte odor dos cadáveres é mascarado com a utilização de plantas secas. 

O povo acredita que a preservação de um corpo traz sorte à família. É com base nesta crença que os habitantes de Tana Toraja tentam garantir que todos os que morrem permanecem no melhor estado possível. Os cadáveres são mantidos em camas, embrulhados em cobertores. Ali ficam até que seja feito o funeral, que por vezes só acontece vários anos ou até décadas depois.


Um funeral digno, para aquela povoação, pode custar entre 700 milhões de rupias indonésias (cerca de 44 mil euros), para os mais pobres, e 3 triliões de rupias (230 mil euros) para os mais ricos. 

Muitas vezes acabam por recorrer a empréstimos bancários para oferecer uma última despedida aos familiares. Os funerais acabam por se tornar numa celebração ao invés de um evento sombrio. 

Mesmo após a morte, existe um ritual conhecido como Maene - "cuidar dos ancestrais" - em que os mortos são retirados dos túmulos e dos seus caixões. São limpos e vestidos com roupas novas, levados até às suas antigas casas e por vezes até vão fumar um cigarro aos locais que mais gostavam. 

É nesse ritual que por vezes gerações se cruzam e os mais novos podem conhecer os seus antepassados pela primeira vez. 

Não se sabe quando começaram exatamente os rituais mas a povoação tem sido cada vez mais um "alvo" de visitas de turistas, curiosos pela tradição e rituais daquela região. 


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