sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Pedras de Stonehenge terão sido transportadas 230 km por terra


Novo estudo arqueológico diverge a teoria até agora mais consensual de que as pedras teriam sido levadas de Gales por via marítima. A razão da sua mudança de local, há mais de cinco mil anos, é que permanece um mistério.

Os pilares de pedra estão entre os mistérios mais famosos e enigmáticos da arqueologia. A questão é saber como os construtores neolíticos, usando apenas ferramentas de pedra, madeira e ossos, esculpiram os pilares de pedra de Stonehenge das colinas do oeste do País de Gales e como os transportaram mais de 230 quilómetros para a planície de Salisbury, onde se encontram.

Para responder a esta questão, uma escavação arqueológica encontrou novas evidências do método utilizado para esculpir as enormes pedras na rocha em duas escarpas das colinas Preseli, em Pembrokeshire. Esta localização das duas pedreiras monolíticas, segundo os arqueólogos, enfraquece a teoria de que as pedras foram transportadas por mar, sugerindo antes que os blocos de duas toneladas, num total de 80, foram arrastados ou transportados por terra.

A pesquisa dos arqueólogos também alinha pela possibilidade de que as pedras que estão dentro do anel constituído por blocos maiores - estimadas serem datadas da primeira fase de construção em Stonehenge - possam ter sido usadas pela primeira vez num círculo de pedras no País de Gales, antes que o monumento fosse desmontado e transportado centenas de quilómetros por razões que ainda permanecem um mistério.

Mike Parker Pearson, professor da University College de Londres, que liderou a escavação, disse ao The Guardian: "O que é realmente empolgante nessas descobertas é que elas nos aproximam da descoberta do maior mistério de Stonehenge - compreender por que razão as pedras vieram de tão longe."

"Todos os outros monumentos neolíticos da Europa foram construídos com megalitos trazidos de distâncias inferiores a 16 kms. Agora procuramos descobrir o que havia de tão especial nas colinas de Preseli há cinco mil anos e se havia círculos de pedras importantes construídos antes que fossem transferidas para Stonehenge", adiantou o investigador.

Estas pedras de Stonehenge não são os blocos enormes pelos quais é mais famoso o monumento, mas um conjunto separado de pedras que agora estão dentro do anel mas que, acredita-se, pode ter formado um círculo muito maior quando o monumento foi construído, cerca de 3000 antes de Cristo.

A nova escavação concentrou-se num penhasco chamado Carn Goedog, onde a rocha malhada se forma em lajes com forma de pilares. Parker Pearson e a sua equipa foram capazes de identificar fissuras na face da rocha de onde foram extraídos os pilares. Também descobriram uma série de ferramentas de pedra, que acreditam terem sido marteladas entre as lajes, revela a investigação publicada na revista Antiquity.

Já se acreditava que as pedras eram originárias das colinas de Preseli, mas a localização de Carn Goedog e a outra pedreira confirmada nas encostas norte da cordilheira "mudam completamente" as suposições sobre como as pedras foram transportadas. "A ideia era que fossem arrastadas pelas encostas do sul até Milford Haven e depois transportadas em jangadas ao longo do estuário do rio Severn e ao longo do rio Avon até à planície de Salisbury. Em vez disso, acreditamos agora, e parece bastante provável, que as pedras foram todas transportadas manualmente", disse Rob Ixer, outros dos autores do estudo que acredita que o caminho percorrido segue aproximadamente o da moderna auto-estrada A40.

Ixer reconhece que mesmo que tenha sido encontrada a via de transporte, o motivo da mudança das pedras permanece um mistério. "Nunca vamos entender Stonehenge. Essa é a beleza do monumento."


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