Só é visível quatro dias ao ano, e depois desaparece. Existe numa única zona, à beira de uma estrada perdida, em Kerala. É a "Mysticellus", que quer dizer misteriosa e pequena, mas espécie precisa de medidas de conservação.
Chamaram-lhe Mysticellus franki porque é, acima de tudo, misteriosa - e pequena. Assobia como um inseto, é visível apenas durante quatro dias, em charcos temporários que se formam depois da monção (estação das chuvas), durante o curto período de reprodução, e depois desaparece, para só ser vista no ano seguinte. A Mysticellus é um novo género, e também uma nova espécie, de pequena rã, e acaba de ser identificada na região peninsular ocidental da Índia, no estado de Kerala.
A descoberta foi feita por dois investigadores da Universidade de Deli, Sonali Garg e S.D. Biju, que percorreram a região ocidental de Ghat, recolhendo amostras e espécimes nos charcos temporários na beira das estradas secundárias.
O estudo morfológico e as análises genéticas mostraram que se trata de um novo género, e de uma nova espécie, que é endémica de Ghat, confirmando assim, uma vez mais, a enorme biodiversidade que caracteriza aquela região ocidental da Índia.
Sonali Garg e S.D. Biju fazem a descrição do novo género e espécie num artigo publicado hoje na Scientific Reports , do grupo Nature.
Sonali Garg, a principal autora da descoberta
"A nossa descoberta deste novo género de rã, numa das regiões mais estudadas de Ghats Ocidental mostra que o conhecimento sobre os anfíbios neste local globalmente reconhecido como um hotspot de biodiversidade está ainda longe de completo", diz a investigadora Sonali Garg, principal autora da descoberta, citada no jornal The Times of India.
"Esta rã permaneceu desconhecida até agora, provavelmente porque surge apenas durante os quatro dias do seu período de reprodução, e tem uma vida totalmente secreta durante o resto do ano", sublinha a investigadora, que precisou de três anos para fazer todo o trabalho de campo que levou à descoberta.
Na última década, naquela região da Índia têm sido documentadas várias novas espécies de anfíbios, o que reforça a riqueza da zona em termos de biodiversidade, e também a necessidade da sua proteção.
"Ao mesmo tempo que acontecem estas descobertas, inúmeros os anfíbios enfrentam a ameaça da extinção, sobretudo devido à perda e degradação dos seus habitats", diz Sonali Garg, explicando que no caso da nova espécie, isso também é uma realidade.
"A única população conhecida deste novo género encontra-se junto a uma estrada, em charcos que são perturbados pelo trânsito de veículos, pela agricultura e a movimentação das populações humanas", adianta.
Daí, sublinha, a necessidade de proteção da zona. "Uma vez que sabemos ainda muito pouco sobre a sua distribuição da nova espécie e as especificidades do seu habitat, o local onde a encontrámos precisa de ser preservado para proteção da nova espécie", defende a investigadora, que está agora a monitorizar toda aquela zona para obter mais informações que permitam definir os melhores parâmetros de conservação da nova espécie.
fonte: Diário de Noticias
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