Ainda não dá para dizer se era um sertanejo de origem chinesa ou um chinês com vocação para sertanejo. O facto, de qualquer modo, é que um réptil voador recém-descoberto no Extremo Oriente é parente próximo dos que habitavam o interior do Nordeste na Era dos Dinossauros.
O protagonista da história é o pterossauro Guidraco venator, cujo esqueleto fossilizado (e até as fezes) foram descobertas na região de Liaoning, noroeste da China. Entre os "pais" científicos da criatura estão Xiaolin Wang, da Academia Chinesa de Ciências, e o brasileiro Alexander Kellner, do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
O paleontólogo brasileiro, um dos principais especialistas em pterossauros do mundo, já descreveu outras espécies em parceria com colegas chineses. A descoberta "é um exemplo da falta de conhecimento que a gente ainda tem sobre esses animais", diz ele.
Medindo cerca de 3 metros de uma ponta à outra das asas (mais ou menos o mesmo que uma águia, portanto), o G. venator tinha dentes pontiagudos que escapavam para fora da boca mesmo quando ele a fechava.
E, a julgar pelos excrementos petrificados que os cientistas descobriram perto do esqueleto, era um apreciador de peixes (dieta bastante comum entre pterossauros).
Outros grupos de répteis alados escavados na China também estão presentes na chapada do Araripe (Ceará, Pernambuco e Piauí), a Meca brasileira dos pterossauros, mas esses bichos são relativamente cosmopolitas, sendo achados também na África, por exemplo.
No entanto, o G. venator é quase uma espécie-irmã de um animal que só aparece no Araripe, o Ludodactylus. A idade dos animais também é semelhante - à volta de 120 milhões de anos, embora as datações no Brasil sejam menos precisas, diz Kellner.
Uma das possibilidades, afirma o paleontólogo, é que os vários tipos de pterossauros tenham surgido na China, onde a diversidade é maior, e voado rumo ao Brasil.
fonte: Folha.com
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