Responsáveis por 80% da polinização de plantas agrícolas, os insectos estão a ser mortos por pesticidas comuns, afirmam cientistas que já são contestados pela indústria.
Nas últimas duas décadas, as populações de abelhas têm sido dizimadas por um fator desconhecido, que se suspeitava ser ambiental. O problema tem grandes implicações para a agricultura, já que estes insectos são responsáveis por 80% da polinização das plantas de interesse agrícola. Circularam várias teorias, culpando desde os telemóveis às alterações climáticas, mas dois novos estudos, publicados no último número da revista Science, esclarecem a natureza do mistério: a culpa pertence aos pesticidas comuns e a descoberta já está a causar polémica.
Os insecticidas são usados para proteger as colheitas de insectos nocivos mas segundo um estudo realizado por uma equipa francesa, podem alterar de forma subtil o comportamento das abelhas que saem das colmeias em busca de alimento e sem as quais as culturas estariam comprometidas.
Conduzida por cientistas do Instituto Nacional de Investigação Agronómica, esta investigação consistiu em marcar 653 abelhas com minúsculas identificações rádio que depois serviram para criar um modelo do movimento dos animais no terreno. Alguns destes receberam doses de thiamethoxam e os investigadores constataram que este composto aumentava a desorientação, impedindo muitas abelhas de encontrar o seu caminho para a colmeia.
O estudo britânico, efetuado por cientistas da Universidade de Stirling, foi muito semelhante, mas as colónias foram expostas a um composto também neonicotinóide, mas chamado imidacloropride, que é aliás o mais importante no mercado. O resultado foi semelhante: as abelhas perdiam o sentido de orientação e bastavam pequenas doses de exposição ao químico.
A investigação já tem consequências. O Ministério da Agricultura francês proibiu o pesticida Cruiser OSR, produzido pelo grupo suíço Syngenta, mesmo sem esperar pela confirmação destes dados. Os franceses querem acelerar os ensaios de campo que se debruçam sobre o problema da redução da população de abelhas e a indústria já começou a criticar os dois estudos, contestando os níveis de neonicotinóides que os insectos receberam.
fonte: DN
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