Viver sob a águas não é um sonho novo. Desde os anos 1960, há relatos de projectos que tentaram criar colónias submarinas nos oceanos do planeta – todos eles com pouco sucesso.
Agora, o engenheiro canadiano Phil Nuytten, que dedicou a sua vida profissional a construir submarinos e a estudar as condições oceanográficas, quer tirar do papel um projecto que passou décadas a imaginar. O seu plano é desenvolver um protótipo a partir do fim deste ano na costa oeste do Canadá.
O projecto chama-se Vent Base Alpha e, segundo disse Nuytten à BBC, depende de alguns factores essenciais: a geração de energia e o controle da pressão sob as águas.
“Nos anos 1960, todos nós, que nos dedicávamos à exploração das profundezas do oceano, acreditávamos mesmo que haveria cidades submarinas nas décadas seguintes, e é claro que isso não aconteceu”, diz Nuytten.
“Mas o que torna o que eu estou a fazer agora completamente diferente de tudo que já foi feito antes é que esta colónia será a 1 atmosfera, a mesma pressão a que vivemos, ou seja, a mesma pressão que fomos projectados para suportar. E conseguiremos isso com tecnologia – uma nova tecnologia de blindagem”, explica Nuytten.
Essa nova tecnologia de blindagem protege não apenas as roupas submarinas, mas também um sistema de ventilação especial, chamada ventilação hidrotermal, abastecida pelo movimento de êmbolos que, por sua vez, sobem e descem com a oscilação das temperaturas da água à volta.
Segundo sustenta Nuytten, se for possível proteger-nos da diferença de pressão no fundo do mar, conseguiremos manter uma vida “confortável” nos oceanos.
Nuytten diz também que as construções humanas não têm de ocorrer necessariamente no leito do mar – podem ser feitas em níveis intermédios das águas. Os transportes teriam que ser assegurados com fatos especiais resistentes à pressão das águas profundas, abaixo de 300m, que nos permitiriam flutuar a essas profundidades.
A colónia planeada por Nuytten consistiria assim numa reprodução da vida na Terra, com residências, escritórios, hospitais e comércio submersos. E a justificação a necessidade de uma tal proeza de engenharia é simples: com cada vez menos espaço e recursos na Terra, os oceanos podem vir a servir de abrigo.
Não há dúvida de que o Homem precisa de encontrar um novo habitat para se expandir. Mas há uma pergunta que nos ocorre agora a todos: onde irá o Homem viver primeiro, no fundo do mar ou na superfície de Marte?
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