quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Adega mais antiga do Ocidente permanece "escondida" num monte em Cádis


Vestígios com 2300 anos foram descobertos em 1991 mas tiveram que ser tapados mas não serem destruídos.

No topo de um monte da Serra de São Cristobal, em Cádis, Espanha, encontra-se "esquecida" aquela que é considerada a adega mais antiga do Ocidente, um centro produtor de vinho do século III antes de Cristo.

"É o achado mais importante, até agora, na história do vinho", explicou em entrevista à agência espanhola EFE o catedrático em pré-história Diego Ruiz Mata, que em 1991, juntamente com uma equipa, escavou a zona de dois mil metros quadrados no cimo do monte em que se encontra este centro produtor de vinho, o único com esta idade que se conserva na sua totalidade.

Apesar do seu valor arqueológico, e que confirma também que o vinho teve desde o seu início um sentido religioso, quatro anos depois de ser escavada e estudada durante cerca de sete meses, a adega teve que ser coberta de novo e, por isso, hoje permanece oculta. "Teve de ser tapada porque está no meio do campo, encontrávamos pessoas a fazer motocrosse nos muros, era a sua destruição", disse Diego Ruiz, que lamenta a indiferença com que Espanha trata os elementos importantes do seu património.

Mais de 20 anos depois da sua descoberta, Ruiz Mata pede sua recuperação como centro de interpretação arqueológica para a produção de vinho. "A sua recuperação seria possível se fosse escavada e restaurada com a ajuda de empresários do Marco de Jerez", reconhece o professor. Por isso, defende uma parceria público-privada para criar um centro para explicar a história e a cultura do vinho. "Seria um pólo de atração muito grande. Não vamos esquecer que esta não é só história do meu povo, é história universal", explica "Diego Ruiz Mata.

O complexo da adega faz parte do que seria a zona industrial da cidade fenícia de Dona Blanca, no município de El Puerto de Santa Maria. Diego Ruiz Mata dirigiu as investigações arqueológicas desta cidade, que começou na década de 80, quando uma área já tinha desaparecido porque no lugar havia surgido uma pedreira de pedra calcarenito.

O catedrático afirma, agora, que a zona da adega deste importante povoado fenício pode voltar a ver a luz do dia para ser convertido num centro sobre a história do vinho na antiguidade, também localizado dentro do Marco de Jerez, uma das regiões vinícolas mais importantes da Espanha e do mundo.

A adega tem duas balsas para pisar a uva, um recipiente para derramar suco do mosto ou vinho, armazéns para depositar as ânforas cheias de vinho, fornos de vinho doce, além de três templos que causaram "grande sensação no mundo científico", porque revelam cultos etílicos.


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