sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Aqueduto subterrâneo do século XVII descoberto em Vila Viçosa





A estrutura tem cerca de 100 metros de comprimento, está em bom estado de conservação e terá servido de ligação entre duas cisternas que abasteciam de água o Convento dos Capuchos.

No passado dia 2 de Novembro, uma equipa de investigadores que efectuava a identificação e de registo fotográfico das cisternas de água existentes em Vila Viçosa fez a descoberta “fortuita” de um aqueduto subterrâneo no Convento dos Capuchos. A estrutura está datada do século XVII, adiantou ao PÚBLICO Tiago Salgueiro, coordenador do projecto designado “Callipole Subterranea” e ajudante de conservador no Museu/Biblioteca da Casa de Bragança. 

Em Setembro de 2016, a Ordem de Santa Cruz, a quem pertence o Convento dos Capuchos onde residem as Irmãs Escravas do Divino Amor, autorizou que fossem fotografadas duas cisternas existentes no espaço conventual. Este pormenor veio a permitir que, no dia 1 de Novembro, Tiago Salgueiro fosse informado pelas religiosas da existência de um alçapão que dava acesso a um túnel. 

Com o recurso a uma escada de 15 metros, a equipa de pesquisa desceu ao seu interior e confirmou que se tratava de um aqueduto subterrâneo, com cerca de 100 metros de comprimento, 2,20 metros de altura e cerca de 1,20 metros de largura. “Aparentemente, as irmãs não tinham conhecimento da existência” desta estrutura, salienta o conservador.

“Verificámos a existência de um tecto em abóbada de tijoleira, assim como alguns pequenos reservatórios de água no interior do aqueduto”, prossegue Tiago Salgueiro. A equipa de investigação percorreu toda a extensão do aqueduto, desde a zona onde existe uma nascente ou um canal até ao local onde se encontra um pórtico entaipado, “provavelmente por um deslizamento de terras”, destaca o relatório enviado à Direcção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA) a dar conta do novo achado, onde é admitida como “provável” que a extensão do aqueduto seja superior à que foi observada.

Numa primeira apreciação, o relatório adianta que o aqueduto apresenta-se em bom estado de conservação mas, mesmo assim, sugere uma limpeza da zona interior do alçapão, onde existe “uma quantidade considerável de inertes (terra e pedras), que se acumularam”. Acresce ainda que, nalguns pontos da estrutura, encontram-se “lajes de xisto desintegradas da parede”.

Os investigadores admitem que o aqueduto fazia a ligação entre as duas cisternas existentes no antigo convento. “Pensamos que se trata de uma construção do século XVII, semelhante a outras existentes em Vila Viçosa”, observa Tiago Salgueiro.

“Foi uma novidade para a equipa envolvida na pesquisa”, salientou o conservador, frisando que a documentação consultada “é omissa relativamente à existência do aqueduto”. As únicas informações conhecidas referiam apenas a existência de um alçapão que se encontrava na horta do Convento dos Capuchos, reportadas por Mafalda Braz Teixeira, no início dos anos 70 do século XX, quando foram efectuadas algumas obras de melhoramento neste local e foi identificado o dito alçapão. Esta abertura dava acesso ao que originalmente se pensou ser um túnel. Mas, “por questões de segurança na referida data, nunca se avançou para a exploração do local”, está escrito no relatório.

fonte: Público

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