quarta-feira, 4 de abril de 2012

Lago no Chile desaparece pela segunda vez este ano


O lago Cachet II, na Patagonia chilena, perdeu os seus 2000 milhões de litros de água, pela segunda vez este ano. Em menos de 48 horas, o lago esvaziou e provocou o aumento do caudal do rio Baker, o maior do Chile.

No passado sábado, dia 31 de março, o lago Cachet II começou a sofrer um processo natural de esvaziamento. Em menos de 48 horas, perdeu 31 metros de nível de água.

Esta é a segunda vez, só neste ano, que se regista este fenómeno. Desde que aconteceu pela primeira vez, em 2008, este é o 11.º esvaziamento. Segundo as autoridades chilenas, o primeiro deste ano finalizou na madrugada de 27 de janeiro.

O rápido esvaziamento dos níveis das águas do rio Cachet II provoca o aumento de caudal no rio Baker, o maior rio do país. Na área de La Colonia, o caudal triplicou, aumentando de 1.100, para 3.511 metros cúbicos por segundo. A altura do lago em La Colonia cresceu em 6,6 metros.

População teme danos nas propriedades

As autoridades chilenas afirmaram que, devido ao esvaziamento, o caudal do rio Baker vai continuar a aumentar, pelo que é necessário tomar precauções. Os moradores temem que o caudal aumente de tal forma que cause danos nas propriedades que se encontram mais próximas.

Uma comunidade de cientistas tem vindo a investigar, desde então, o processo de esvaziamento que acontece em alguns lagos na Patagonia chilena.

A Direção Geral das Águas local, através das estações hidrometeorológicas pertencentes ao Ministério das Obras Públicas, monitoriza constantemente a situação, o que permite que, em casos como este, sejam informados os organismos competentes e levantados os alertas necessários.

Segundo informa a imprensa espanhola, o diretor-geral da Direção Regional de Águas, Matías Desmadryl, explicou que, "tal como tem sucedido nos últimos anos, o lago esvazia-se de forma cíclica, pelo que este é um fenómeno relativamente esperado".

Tunel de gelo subterrâneo

As causas do processo de esvaziamento do lago Cachet II, que se encontra na região de Aysén, a cerca de dois mil quilómetros a sul de Santiago, no Chile, não são ainda claras. Presume-se que o aquecimento global esteja relacionado com o acontecimento.

Dois glaciólogos, Andrés Rivera e Gino Casassa, avançaram com a hipótese de tratar-se de um "GLOF" - Glacial Lake Outburst Flood - que é um colapso de um lago glaciar.

O Glaciar Colonia, no Chile, onde se insere o lago Cachet II, serve como barragem natural que contém a água do lago. Nos últimos anos, o calor excessivo e invulgar sobre o glaciar tem provocado a rutura do gelo. Quando uma das fissuras do glaciar cede à pressão do lago cheio, a água flui em poucas horas por um túnel subterrâneo.

Os cientistas pensam que, no caso do lago Cachet II, o túnel se estende por oito quilómetros de comprimento, até ao lago mais próximo, o lago de La Colonia.

Os dois cientistas sustentam que o esvaziamento é um fenómeno natural em glaciares, favorecido pelas altas temperaturas que cada vez mais se verificam na Patagónia, e que durante o verão ultrapassam os 30º Celsius durante muitos dias.

Fenómeno habitual desde os anos 50

Este fenómeno é habitual no Chile e na América do Sul. Desde 1950, há evidências de processos semelhantes, mas pensa-se que a ocorrência terá aumentado como consequência da mudança climática. Andrés e Gino explicaram que a água não desaparece, apenas muda o seu ciclo.

A Direção Geral das Águas anunciou que vai fazer um acompanhamento contínuo do fenómeno através das estações hidrometeorológicas da rede para comunicar qualquer mudança de comportamento do rio.

fonte: JN

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