domingo, 1 de abril de 2012

As seis portas para o Inferno

Existem seis lugares na Terra que são consideradas autênticas portas do inferno. Entre elas encontra-se um vulcão na Islândia, uma gruta na selva centro-americana e um lago de fogo em África. Segundo os mitos antigos e as lendas cristãs, estas portas são corredores para um terrorífico infra-mundo onde habitam os condenados. Mesmo nos nossos dias, há quem acredite que esses lugares são realmente portais místicos. E é inquietante que partilhem chamativas semelhanças...


© Cratera do vulcão Masaya, Nicarágua (Wikicommons)

A maioria das religiões acreditam no inferno como um lugar de punição física infindável pelos atos recriminatórios cometidos em vida, um ajuste de contas pós-morte. Porém, seria possível entrar nestes diabólicos domínios ainda em vida? Diversos povos acreditam que sim - e ainda apontam a direção.

Partimos da premissa de que o inferno está na própria terra, não através da degradação humana (embora muitas vezes pareça), mas no núcleo da Terra. A estrutura do nosso planeta traz este elemento propício para a crença, pois seu interior é tomado de temperaturas exorbitantes, próximas dos 5 000ºC em suas máximas. Os geólogos explicam que suas camadas compreendem a crosta terrestre seguida de mantos de rochas de consistência viscosa, demais elementos líquidos e finalmente uma bola metálica sólida formada por ferro e níquel. Mas como toda crença é uma razão apoiada na fé, deixamos de lado as metódicas justificações científicas para explorar estas seis curiosas entradas para o inferno.

Em virtude desta ligação com altas temperaturas e domínios no centro da terra, associações com vulcões não poderiam faltar. Direto para a Nicarágua, onde encontramos o vulcão Masaya, conhecido popularmente como “Boca do Inferno”. Os nativos da região acreditavam que sua entrada era a própria porta para o inferno e realizavam sacrifícios humanos, inclusive de crianças, para apaziguar suas trepidações. No início do século XVI, católicos foram até o Masaya, pois, como é descrito em Apocalipse, “o portão do inferno é um abismo sem fim em chamas cuja fumaça escondia o sol”. Após averiguar o cenário se convenceram de que o Masaya era o próprio inferno e ergueram uma cruz em sua proximidade. Esta pode ser vista até hoje por turistas que frequentam o lugar.


© Cratera do vulcão Masaya, Nicarágua (Wikicommons)

Viajando agora para a Islândia, encontramos outro vulcão que recebeu esta peculiar denominação pelos católicos: o Hekla. Em virtude de uma explosão catastrófica ocorrida no século XI, difundiu-se a crença de que os tremores não poderiam significar outra coisa além da propensão do inferno sobre a terra.

O último vulcão da lista é o Erta Ale, localizado na Etiópia. Considerado por muitos como um dos mais fantásticos locais da natureza, seu lago de lava permanentemente ativo e sua intensa atividade causam admiração e temor, sendo tratado como o “o portal para o inferno”. No dia 25 de setembro 2005 aconteceu sua última grande erupção até então, forçando moradores locais a buscar refúgio e resultando na perda de muitas cabeças de gado.


© Vulcão Erta Ale, Etiópia (Wikicommons)


© Vulcão Erta Ale, Etiópia (Wikicommons)

Abandonando os vulcões, vamos ao 4º local mencionado na lista. Se trata de Xibalba – o lugar do medo, distanciado apenas 640 quilômetros de outro portão já mencionado, o Masaya.

Xibalba é uma caverna citada na bíblia maia, um lugar real já explorado. Em seu interior existem trechos perigosos com água, estalactites, morcegos, passagens estreitas e quedas passíveis. Os maias realizaram desenhos de Xibalba exemplificando cada local da caverna como um evento relacionado com o homem e sua travessia para o inferno. Fatidicamente, chegando aos confins da caverna, encontram-se várias ossadas humanas.


© "O Último Julgamento", de Giotto di Bondone (Wikicommons)

O 5º lugar desta lista incomum é a caverna Hade. Localizada na região sul da Grécia, na costa da península do Peloponeso, diz a lenda que Hércules descobriu uma passagem em seus vastos paredões e que esta levaria diretamente para o mitológico deus da morte grego: Hades. A mitologia grega possui outros contos fantásticos da ida até o reino das trevas, como a de Prosérpina (Perséfone), detentora de tamanho encanto que o próprio Hades a raptou. Todavia, a passagem do plano real até o desconhecido inferno não é especificada, enquanto a supracitada façanha de Hércules indica o local onde aconteceu esta travessia. Como esta vasta costa possui inúmeras entradas, muitas delas submersas, fica na imaginação dos que crêem que o portal específico está aguardando ser desvendado.

O último lugar listado é uma pequena ilha denominada "purgatório de São Patrício". Reza a lenda que o religioso São Patrício desempenhava seu trabalho espiritual convertendo pagãos quando, em uma conversa com Deus, pediu a este uma prova, um ato que lhe ajudasse em seu ofício. Deus então lhe indicou a entrada de uma caverna e um buraco se abriu para o submundo. Desta forma, São Patrício pôde ver o inferno com os próprios olhos.


© "O Último Julgamento" de Vasnetsov (Wikicommons)

A entrada desta caverna foi destruída pelo tempo e ações da natureza; um sino foi erguido em sua localização e até hoje peregrinos viajam para este local, como seus antepassados medievais, esperando encontrar um meio de evitar o inferno. Segundo a tradição, aquele que for à Igreja de São Patrício por 3 vezes jamais irá para o inferno.

Independentemente da credibilidade destes eventos ou da própria existência do inferno, é irrevogável a importância que este tem para a história da humanidade, tanto passado quanto presente.

O medo de ir para o inferno, a imposição da existência de um, todos os preceitos fundamentados no extraordinário fizeram a humanidade se moldar. Foi um pedaço de personalidade infligido que inegavelmente escreveu muita da nossa história e continua a regimentar ações que são tomadas neste exato momento. Enquanto muitas pessoas acreditarem em alguma coisa, esta se manterá como uma verdade.


© Dante e Virgil no Inferno" de William Adolphe Bouguereau (Wikicommons)


© Hieróglifos egípcios representando o juízo das almas (Wikicommons)

fonte: Obvious

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