domingo, 19 de setembro de 2010

Detectar BSE pelo brilho nos olhos dos animais


Investigadores dizem que observação dos primeiros sintomas poderá ajudar a prevenir que a carne de gado infectado com doença das vacas loucas entre na cadeia alimentar

Os olhos das vacas e ovelhas podem revelar sinais de problemas neurológicos como a doença das vacas loucas, de acordo com o estudo de uma equipa de investigadores da Iowa State University (ISU), nos EUA, que examinou as retinas de ovinos infectados com scrapie - uma doença semelhante à BSE (encefalopatia espongiforme bovina).

Segundo um artigo publicado na revista Analytical Chemistry, os olhos das ovelhas doentes tinham um brilho "distintivo". Jacob Petrich, do Departamento de Química da ISU, explicou à BBC que o estudo envolveu a análise do tecido cerebral de 73 ovelhas mortas, utilizando métodos de padrão patológico para detectar a proteína prião infectada.

Após concluírem qual o número de animais que tinha a doença, os cientistas analisaram 140 olhos recorrendo à iluminação da retina com um feixe de luz e descobriram que as retinas de ovinos infectados emitiam um brilho característico. Embora a pesquisa tenha sido realizada em ovinos, Petrich refere que não há esperança de que, no futuro, procedimentos similares possam ser usados na detecção de sintomas de doenças neurológicas em humanos, como o Alzheimer.

Como a BSE, a variante da doença Creutzfeldt-Jakob (vCJD) em humanos é um tipo de encefalopatia espongiforme transmissível (TSE) - doença neurodegenerativa provocada pela proteína prião deformada. Petrich explicou que, contrariamente à forma usual de dissecar o cérebro para analisar tecidos e detectar priões, a nova técnica é uma forma indirecta de olhar para a doença neurológica.

O TSE manifesta-se normalmente nos tecidos do sistema nervoso central e, como o nervo óptico está directamente "ligado" àquele sistema, o olho torna-se o único ponto directo não invasivo de entrada para um experimentalista. "Caso contrário teria de se bater no cérebro ou na medula espinal e todas essas hipóteses são difíceis e dolorosas", explicou Petrich.

O próximo passo será a realização de experiências de campo, para ver se é possível detectar a doença com o simples recurso à iluminação dos olhos de animais vivos. A maior dificuldade, admite o investigador, é conseguir que o animal não se mova durante um pequeno período de tempo. "A minha mulher, por exemplo, não consegue ficar parada para ser examinada por um oftalmologista para um teste de glaucoma. E se um ser humano não consegue ficar parado para um teste durante cinco segundos, acho que vai ser muito mais difícil fazer isso com um animal", acrescentou.

A única hipótese será efectuar o ensaio imediatamente após a morte do animal. "Assim seria possível detectar a infecção e impedir a carne de entrar na cadeia alimentar", concluiu Jacob Petrich.

fonte: DN

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